“O processo de aproximação e formação cultural será decisivo para o sucesso do Centro Pompidou no território”, diz Denys Grellmann

Ao completar 20 anos de atuação, o Grupo 100fronteiras é um importante projeto jornalístico na região da Tríplice Fronteira, com sede em Foz do Iguaçu, no Paraná

Atualizado em 19/12/2025 às 12:12, por Alexandra Itacarambi.

Homem em pé, falando ao microfone, gesticulando com uma das mãos durante uma apresentação. Ele usa camiseta polo azul e crachá. Ao fundo, há um grande telão com imagens de um evento com público e slides, sugerindo uma palestra ou conferência em andamento.

Denys Grellmann foi um dos palestrantes no Eleva One, um encontro de Inteligência Artificial em Foz do Iguaçu


No contexto de intensos debates sobre a possibilidade de uma integração trinacional da Tríplice Fronteira, no início dos anos 2000, cuja ideia era de eliminar as aduanas nas pontes e promover uma convivência sem fronteiras, surgiu a publicação bilingue Revista 100fronteiras. A iniciativa nasceu em outubro 2005 visando preencher uma lacuna evidente: a falta de cobertura integrada e com profundidade da região.

Fundada por Carlos Alberto Grellmann e Lilian Lourdes Fretes Garcia Grellmann, ele nascido no Brasil e ela no Paraguai, o grupo é atualmente dirigido pelo filho do casal, o jornalista Denys Alex Fretes Grellmann, constituindo uma empresa familiar ativa. O projeto evoluiu de uma revista para se tornar uma plataforma multimídia que conecta as três cidades centrais da região: Foz do Iguaçu (Brasil), Puerto Iguazú (Argentina), Ciudad del Este, Presidente Franco, Minga Guazú e Hernandarias (Paraguai).

O Grupo 100fronteiras, apesar de atuar em três países, é uma empresa brasileira, com CNPJ no Brasil, respondendo integralmente à legislação e tributação brasileiras. O modelo do negócio também se adaptou ao longo de sua trajetória, é diversificado, englobando publicidade na revista e no portal, projetos editoriais, parcerias estratégicas e eventos proprietários. A inovação do projeto reside na aplicação da visão trinacional ao jornalismo, combinando conteúdo editorial, turismo e economia criativa.

Esse posicionamento do Grupo ganha novos contornos diante da recente projeção de Foz do Iguaçu no cenário nacional e internacional, impulsionada pelo avanço do projeto de implantação da filial do renomado museu francês Centro Pompidou, com inauguração prevista para 2027.

A seguir, a entrevista concedida por email ao Portal IMPRENSA por Denys Grellmann, que também é presidente do Instituto 100fronteiras, uma organização sem fins lucrativos para viabilizar projetos educacionais, culturais e de impacto social que não se enquadram na lógica comercial tradicional, especialmente ações voltadas à educação patrimonial, cultura e integração da Tríplice Fronteira.

Entrevista

IMPRENSA - O que é o projeto e quais são os pilares do Grupo?
Denys Grellmann - Hoje somos uma plataforma multimídia que conecta as três cidades da fronteira — Foz do Iguaçu, Puerto Iguazú e Ciudad del Este — com informação qualificada, eventos culturais e iniciativas que valorizam turismo, economia e sociedade. Somos ponte, integrando três países que compartilham uma vida em comum.
Trabalhamos sobre cinco bases:
1. Jornalismo de soluções;
2. Independência editorial;
3. Integração regional;
4. Produção de eventos de impacto;
5. Valorização da identidade multicultural da Tríplice Fronteira.

Qual é o modelo de negócio atual?
É diversificado: publicidade na revista e no portal, projetos editoriais, parcerias estratégicas e eventos proprietários como o 100fronteiras MalbecDay e o 100fronteiras JAZZ Festival, que movimentam diretamente a economia e fortalecem o turismo.

Quais princípios norteiam o trabalho jornalístico?
Independência, rigor na apuração, responsabilidade social e uma abordagem humanizada, que respeita as sensibilidades de um território trinacional. Usamos ferramentas digitais, SEO, produção audiovisual e cobertura multiplataforma para oferecer conteúdo relevante e confiável.

O que torna essa iniciativa única?
A particularidade está no território: somos um veículo bilíngue (português e espanhol) que realmente atua nos três países, diariamente, com circulação consolidada em Foz do Iguaçu, Puerto Iguazú, Ciudad del Este, Presidente Franco, Minga Guazú e Hernandarias.

Outro diferencial é o nosso público, formado por formadores de opinião, empresários, moradores que influenciam decisões e turistas que precisam de informação segura.

Como você descreve o público da região?
É um público multicultural, cosmopolita e exigente. Aqui circulam diariamente três moedas, três idiomas e três formas de viver. Isso exige jornalismo contextualizado e comunicação madura. É uma região aberta a novas ideias, inovação, cultura e experiências.

Qual é a expectativa com a inauguração do Centro Pompidou Paraná, prevista para 2027?
Sobre o Centro Pompidou, é importante considerar que a nossa região ainda é muito carente em termos de oferta cultural estruturada. Trata-se de uma comunidade jovem, que teve uma explosão demográfica a partir da construção de Itaipu, o que torna qualquer iniciativa desse porte extremamente bem-vinda.

A chegada do Centro Pompidou coloca Foz do Iguaçu definitivamente no circuito cultural internacional, com potencial de gerar impacto relevante na economia criativa, no turismo cultural e na projeção internacional da cidade como polo de arte, cultura e inovação.

No entanto, para que esse impacto seja efetivo e duradouro, considero fundamental que haja um trabalho prévio de integração com a comunidade local. É necessário preparar os moradores da Tríplice Fronteira para que o Centro Pompidou, quando inaugurado, já faça parte do dia a dia da população, e não seja percebido apenas como um equipamento voltado ao turismo ou a um público externo.

Esse processo de aproximação e formação cultural será decisivo para o sucesso do projeto no território.

Qual é o impacto do Grupo 100fronteiras na região?
É um trabalho que amplia visibilidade, conecta comunidades e impulsiona setores estratégicos.
Impactamos em três níveis:
• Informativo, ao entregar jornalismo local;
• Econômico, com eventos que movimentam hotelaria, gastronomia e comércio;
• Cultural, ao registrar histórias e fortalecer a identidade regional.

Quais exemplos de inovação o projeto apresenta?
A inovação está na visão trinacional aplicada ao jornalismo e na forma como combinamos conteúdo editorial, turismo e economia criativa.

Eventos proprietários como o MalbecDay e o 100fronteiras JAZZ Festival tornaram-se referências, gerando impacto real na região.

Além disso, produzimos conteúdos históricos inéditos e trabalhamos com narrativas multilíngues.

Quais são os desafios atuais?
Manter independência editorial num mercado cada vez mais competitivo, integrar novas tecnologias à operação, ampliar receita sem perder essência, e encontrar profissionais capacitados para atuar num território tão complexo. Outro desafio é continuar crescendo sem abrir mão da profundidade editorial.
Já os desafios comerciais estão nas diferenças culturais, cambiais, jurídicas e na lógica de mercado entre os três países, além da necessidade constante de mediação e adaptação de linguagem e formatos.

Que conselho você daria para jornalistas que querem iniciar um projeto na região?
Primeiro, entendam a Tríplice Fronteira de verdade — suas pessoas, suas tensões e suas riquezas. Segundo, priorizem credibilidade antes de audiência e, terceiro, diversifiquem as receitas. Por fim, enxerguem a fronteira não como limite, mas como o centro de um território cheio de oportunidades culturais e jornalísticas. ◼

Ficha:
Nome da iniciativa jornalística: Grupo 100fronteiras
Nome dos veículos: Revista 100fronteiras e Portal 100fronteiras.com
Região / Local: Tríplice Fronteira — Brasil, Paraguai e Argentina
• Foz do Iguaçu (Brasil)
• Ciudad del Este, Presidente Franco, Minga Guazú e Hernandarias (Paraguai)
• Puerto Iguazú (Argentina)
Data de origem: Outubro de 2005
Nome do(s) fundador(es): Carlos Alberto Grellmann e Lilian Lourdes Fretes Garcia Grellmann
Diretor responsável: Denys Alex Fretes Grellmann

Editorias:
• Cidade; Região & Integração; Turismo; Mercado Imobiliário; Sociedade; Saúde
• Cultura
• Economia local
• Eventos & Experiências

Público principal:
• Moradores da Tríplice Fronteira
• Turistas nacionais e internacionais
• Visitantes frequentes das cidades fronteiriças
• Empresários e formadores de opinião

Site: www.100fronteiras.com