Alertados de que, ao exibir imagens e contar a história do agressor, a cobertura da imprensa pode favorecer a proliferação de ataques a escolas e creches, veículos de comunicação adotaram novos protocolos para noticiar esse tipo de tragédia.
Em comunicado, o Grupo Globo e o jornal O Estado de São Paulo afirmaram que deixaram de publicar o nome e a imagem de autores de ataques, além de vídeos das ações.
A decisão segue as recomendações de especialistas, que lembram que dar visibilidade a agressores pode servir como um estímulo a novos ataques, já que os autores desse tipo de barbárie buscam exatamente notoriedade.
Efeito de contágio
O Grupo Globo também afirmou que não noticia ataques frustrados. Já o Estadão informou que não divulgou vídeos do recente ataque a uma escola do bairro Vila Sônia, na capital paulista. "Pesquisas mostram que essa exposição pode levar a um efeito de contágio, de valorização e de estímulo do ato de violência em indivíduos e comunidades de ódios", diz a nota do jornal.
Além de evitar a exposição dos agressores e vítimas, especialistas lembram que a cobertura desse tipo de crime deve focar no que deve ser feito para prevenir ataques. Se houver autorização dos pais e diretores das escolas, é interessante que os jornalistas ouçam professores, estudantes e gestores.
Os especialistas também observam que os jornalistas que cobrem esse tipo de tragédia devem considerar que seu trabalho pode impactar negativamente toda a comunidade escolar. Por isso, é preciso cuidado para não amplificar os danos desencadeados pelo ataque.
Pesquisas indicam que os agressores têm entre 10 a 25 anos, são do sexo masculino, foram vítimas de bullying, sofreram isolamento social e apresentam transtornos mentais não diagnosticados/acompanhados. Eles se articulam em comunidades online onde há incentivo à violência e à vingança como forma de demonstração de valor.
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