O jovem catarinense Fabrício Rodrigues Garcia, apelidado de "Manohead", é comprovação prática da influência exercida pela tecnologia na arte contemporânea. Nascido no município litorâneo de Garopaba, ao sul do estado, aprendeu a desenhar em meio ao avanço da internet, ferramenta que o possibilitou encurtar distâncias. Com 24 anos e mesclando desenhos digitais com ilustrações em papel, empenha seu traço na web, levando o nome do celeiro brasileiro do surfe ao mundo da caricatura.
Manohead |
 |
Jorge Ben Jor |
A trajetória profissional de Garcia começou ainda nos tempos de colégio. Em meio ao desenho de professores, descobriu na caricatura não só um hobby, mas também uma profissão. Com o auxílio da internet, em 2005, encontrou o espaço que o permitiu levar seus desenhos ao público e sonhar com o concorrido mercado editorial.
"Em 2007 eu me escrevi em um concurso em Ribeirão Preto e ganhei três menções honrosas. Isso fez com que eu me iludisse e pensasse que seria fácil trabalhar com isso. Depois, no ano seguinte, enviei dois trabalhos que nem sequer foram selecionados. Daí caiu a ficha", diz "Manohead", acrescentando que, ao contrário dos que o encontram, a arte não lhe traz grande rentabilidade.
Manohead |
 |
Lula |
O jovem obteve influência da internet não só no traço, mas também no próprio nome profissional. O apelido, conta, é herança de uma brincadeira entre amigos, nos tempos de avanço do programa de mensagens instantâneas MSN.
Garcia cresceu em meio ao avanço da tecnologia do final do século XX. As ferramentas contemporâneas contribuíram para a linha profissional do caricaturista. Com o auxílio de uma mesa digitalizadora - ferramenta que permite realizar desenhos diretos no computador - se aprimorou em caricaturas digitais, alvo de discordâncias entre os mais experientes.
Manohead |
 |
Néstor Kirshner |
"Minha caricatura digital não é foto-manipulação, mas mesmo assim ainda existe muito preconceito, principalmente dos profissionais mais experientes". Garcia conta que, ao contrário da maioria dos artistas, fez o processo inverso: saiu das mesas digitalizadoras para o tradicional lápis e papel, que o permitem "se sentir livre, se soltar".
Em menos de quatro anos de profissão, "Manohead" já acumula conquistas significativas no cenário artístico. Obteve prêmios como o primeiro lugar no concorrido Salão do humor de Ribeirão Preto, em 2009, duas menções honrosas no ano de 2007 e outra citação no 3º "Black Cat" International Cartoon Web Contest", neste ano.
Manohead |
 |
Michael Phelps |
Garcia hoje trabalha como free-lancer na revista do São Paulo Futebol Clube, publicada pela Editora Panini. Mesmo com apenas quatro anos de experiência, o caricaturista já desdenhou convites para deixar a paradisíaca Garopaba.
"Como a maioria das cidades do país, Garopaba passa por problemas com drogas, violência. A minha ideia é ajudar minha cidade. Quero criar uma oficina grátis para jovens e adolescentes. Não quero sair daqui, ganhar dinheiro e ficar por isso mesmo. Quero ajudar as outras pessoas e levar o nome de Santa Catarina para fora", diz "manohead", levando seu traço contemporâneo para a área social.
Manohead |
 |
Supla |