Políticos lideram o ranking dos maiores agressores de jornalistas no país, diz FENAJ

Redação | 20/05/2025 17:39

A presidenta da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), Samira de Castro, apresentou nesta terça (20/5) o Relatório da Violência contra Jornalistas e a Liberdade de Imprensa na Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial da Câmera dos Deputados em Brasília. A entidade faz o levantamento desde 1998, a partir dos dados coletados pela própria Federação e pelos Sindicatos de Jornalistas aliados à FENAJ.


Apesar da queda geral nos casos de violência contra a imprensa em 2024, os políticos permanecem, desde 2019, como os principais agressores de jornalistas e da liberdade de imprensa no país. O relatório aponta que ainda existem tendências preocupantes em relação aos tipos de violência, principalmente a violência judicial e os ataques direcionados a jornalistas mulheres. 


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Em 2024, foram 48 episódios protagonizados por autoridades eleitas ou em campanhas — o que corresponde a 33,33% de todos os ataques registrados — e envolveu agressões físicas e verbais, tentativas de intimidação, ofensas em atos públicos de campanha, tentativas de censura a matérias e assédio judicial, categoria que mais cresceu no período.


A esses casos promovidos diretamente por políticos, somam-se ainda cinco ocorrências atribuídas a apoiadores diretos, seis episódios de manifestantes de extrema-direita e nove ataques por servidores públicos ou órgãos municipais e estaduais — agentes que, na prática, atuam em defesa de interesses político-partidários.


O período de maio a outubro de 2024, durante as campanhas eleitorais, foi o mais violento para os jornalistas, com 38,9% dos ataques concentrados nesses meses. 


Para Norian Segatto, secretário de Saúde e Segurança da FENAJ, “o relatório evidencia um padrão ideológico entre os agressores: mais de 40% dos ataques partiram de setores da direita e extrema direita, com políticos, assessores e apoiadores figurando como os principais autores das violências”. Essa tendência demonstra não apenas o uso da força física, mas a sofisticada escalada de práticas de silenciamento, sobretudo por meio de instrumentos legais, como o assédio judicial.


A FENAJ reforça que, embora o total de ocorrências tenha caído para 144 casos em 2024 — o menor desde 2018 — essa redução não pode ser interpretada como garantia de segurança para o jornalismo. Para se ter uma ideia, 20 anos atrás o número era de 67 casos registrados pela entidade. 

Crédito:Fenaj

Diante desse contexto, a presidenta Samira de Castro enfatizou a necessidade de que o Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas, do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, considere a vulnerabilidade dos jornalistas, garantindo-lhes segurança para o exercício da profissão.



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