Preso na Rússia desde março de 2023, o jornalista americano Evan Gershkovich será julgado por "espionagem". A informação foi confirmada hoje pelo Ministério Público da Rússia, que acusa o profissional de imprensa de trabalhar para a CIA e "coletar informações secretas" sobre um fabricante de tanques de guerra na região de Sverdlovsk. Ainda não se sabe quando o julgamento ocorrerá.
Veículo para o qual Evan trabalhava quando foi detido, o Wall Street Journal chamou o anúncio da Justiça russa de "escandaloso".
Crédito: Natalia Kolesnikova/AFP
Evan é o primeiro jornalista americano detido pela Rússia sob acusação de espionagem desde a Guerra Fria
"Evan Gershkovich enfrenta uma acusação falsa e sem sentido. A decisão da Rússia de realizar um julgamento fraudulento é, como era de se esperar, muito decepcionante e não deixa de ser menos escandalosa por isso", declarou a editora-chefe Emma Tucker, acrescentando que espera que o governo dos Estados Unidos “intensifique os esforços para conseguir a libertação de Evan”.
Falta de credibilidade
Porta-voz do Departamento de Estado americano, Matthew Miller disse hoje que as acusações contra Gershkovich não têm nenhuma credibilidade e que o governo russo sabe disso. "Ele deveria ser libertado imediatamente."
Secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg também afirmou hoje que o jornalista deve ser libertado.
Primeiro jornalista americano preso pela Rússia sob acusação de espionagem desde a Guerra Fria, Evan Gershkovich teve sua prisão preventiva prorrogada mais de uma vez. Ele foi capturado quando fazia uma reportagem na região dos Montes Urais, sobre um complexo militar russo.
Filho de soviéticos que moram nos EUA, Gershkovich já trabalhou em veículos como The Moscow Times e New York Times.
Para analistas internacionais, a intenção do Kremlin é trocar a liberdade do jornalista pela de cidadãos russos detidos nos EUA.