Em parceria com a Repórteres Sem Fronteiras (RSF), a Fundação Rússia Livre e o Instituto Sakharov abriram um espaço de coworking em Paris para exilados russos e de língua russa, incluindo profissionais de imprensa, usarem em atividades anti-guerra.
Com 185 metros quadrados, o local conta com um estúdio dotado de equipamentos profissionais de rádio e TV que podem ser usados por jornalistas que tiveram que deixar a Rússia após o início da guerra com a Ucrânia.
“Os jornalistas forçados ao exílio devido à perseguição e censura por parte das autoridades russas querem continuar a fornecer notícias aos seus concidadãos. Propício à interação construtiva, este espaço único em Paris lhes permitirá trabalhar livremente", declarou Jeanne Cavelier, chefe do escritório da RSF na Europa Oriental e Ásia Central.
Além do estúdio equipado com câmeras, microfones e teleprompters, o coworking conta com estrutura para fornecer aos refugiados russos assistência jurídica, apoio psicológico e aulas de francês. Além de jornalistas, a ideia é acolher defensores dos direitos humanos, cientistas e trabalhadores culturais.
O local integra a rede Reforum Space, que já está presente em cinco cidades europeias – Berlim, Vilnius, Tallinn, Tbilisi e Budva – e já acolheu milhares de exilados russos.
Crédito: Reprodução Espaço Liberdade/Fundação Rússia Livre, RSF
Coworking conta com estúdio profissional destinado à produção de conteúdos anti-guerra
Censura
Fortemente acentuada com a guerra na Ucrânia, a censura russa sobre o jornalismo produzido e veiculado no país levou ao colapso de todo um ecossistema de veículos de notícias independentes, isolando cada vez mais o público local do resto do mundo.
A repressão estatal recrudesceu com uma mudança no Código Penal aprovada oito dias após a invasão da Ucrânia, que ocorreu em fevereiro de 2022. Com ela, tornou-se crime a divulgação de quaisquer “informações falsas” envolvendo o exército russo e a guerra com o país vizinho. De acordo com a lei, os jornalistas não podem descrever o conflito como uma “guerra”, e sim como “operação militar especial”.
Quem for considerado culpado tem que pagar multas cujos valores equivalentes em reais ultrapassam os R$ 100 mil. Caso as "falsidades" sejam sobre os militares russos, os jornalistas podem ser condenados a penas de até 15 anos de prisão.
Desde que a lei foi aprovada, dezenas de meios de comunicação russos foram forçados a fechar, incluindo Meduza, The Moscow Times, TV Rain, Znack e The Bell.