A rede televisiva Al Jazeera, com sede no Catar, negou em suas redes sociais vínculos com Abdallah Aljamal, apontado pelas Forças de Defesa de Israel como jornalista da emissora e agente do Hamas que manteve em cativeiro três dos quatro reféns resgatados em Gaza anteontem.
Em nota, a emissora disse que a acusação representa a continuação do processo de calúnia e desinformação que visa prejudicar sua reputação, profissionalismo e independência. Ainda de acordo com a publicação, Aljamal nunca trabalhou para a Al Jazeera, tendo apenas contribuído para um artigo de opinião publicado em 2019.
Também nas redes sociais, diversos perfis sionistas apontaram, porém, que o site da emissora apresentava Aljamal como “um repórter e fotojornalista baseado em Gaza”.
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Sede da Al Jazeera no Catar
Já a organização Israel War Room criticou o uso pela Al Jazeera do termo ‘prisioneiros’ para descrever os reféns israelentes. "(Na verdade, são) civis roubados de suas famílias e mantidos como reféns pelo Hamas, numa violação grave e bárbara do direito internacional. Este braço de propaganda do vil regime do Catar não serve a outro propósito que não defender os terroristas”, atacou a organização.
Aljamal também seria correspondente em Gaza do The Palestine Chronicle. Com sede nos Estados Unidos, o veículo de notícias teria publicado diversas matérias assinadas por ele.
Suspensão
Em março, o parlamento de Israel aprovou uma lei que permite ao governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu suspender as operações no país da Al Jazeera.
A medida, que recebeu apoio de 71 legisladores, enquanto 10 se opuseram, foi justificada sob o argumento de que o grupo de televisão do Catar é uma ameaça à segurança israelense e participou ativamente dos ataques do Hamas em 7 de outubro.
Com a suspensão, os escritórios da Al Jazeera em Israel foram fechados por 45 dias. Hoje o prazo foi estendido por mais 45 dias.
À época da primeira suspensão, a medida foi criticada por autoridades e entidades representativas de jornalistas. Jodie Ginsberg, CEO do Comitê de Proteção a Jornalistas (CPJ), afirmou que Israel vem frequentemente chamando pofissionais de imprensa de terroristas.
“Já vimos este tipo de linguagem por parte de Netanyahu e de autoridades israelitas, que tentam pintar os jornalistas como terroristas, como criminosos. Isso não é novidade.”
Por sua vez, Karine Jean-Pierre, porta-voz da Casa Branca, classificou a medida israelense como “preocupante”. “Os Estados Unidos apoiam o trabalho extremamente importante dos jornalistas em todo o mundo e isso inclui aqueles que estão reportando o conflito em Gaza.”