Ontem, durante o evento Google I/O, considerado o mais importante no calendário da empresa, a gigante digital lançou nos EUA o AI Overview.
Considerado uma resposta ao ChatGPT, o novo recurso foi desenvolvido para apresentar, acima dos links que hoje aparecem de forma prioritária nas buscas na internet, respostas geradas por inteligência artificial (IA).
Com os resumos formulados pelo próprio Google ocupando espaço privilegiado da página de busca, analistas preveem drástica redução no tráfego dos sites detentores do conteúdo no qual se baseia a informação oferecida pela gigante digital. Em outras palavras, ao receber o conteúdo feito pela IA, o usuário raramente acessará os sites indicados na busca.
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Sundar Pichai, CEO do Google, durante lançamento do IA Overview: nova preocupação para a indústria de notícias
Em entrevista ao jornal O Globo publicada hoje, Marcelo Rech, presidente-executivo da Associação Nacional de Jornais (ANJ), classificou o plano do Google de levar a inteligência artificial generativa para as buscas online como uma das "mais graves preocupações da indústria jornalística" e uma "ameaça à sustentabilidade do jornalismo."
Desvalorização das fontes
"Ainda que pretenda oferecer secundariamente links para quem deseja saber mais, é uma clara desvalorização das fontes originais que produzem aquele conteúdo", disse Rech sobre a nova tecnologia.
Ainda de acordo com o dirigente da ANJ, o AI Overview representa uma "frontal contradição aos argumentos do próprio Google, de que provê tráfego e receitas para os veículos."
Tal alegação tem sido usada mundo afora, inclusive no Brasil, pelos advogados e lobistas da gigante digital, especialmente quando condenam propostas legislativas, a exemplo do PL das Fake News, que defendem a remuneração de veículos de imprensa pelo uso de conteúdos jornalísticos no mecanismo de busca do Google.
A imprecisão das informações oferecidas pela IA também preocupa. Samira de Castro, presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), afirmou que o uso da IA nos mecanismos de busca, em substituição aos links, retira da esfera pública o direito à informação de qualidade.
Ainda não se sabe quando o AI Overview chegará ao Brasil. Mas o Google espera que, até dezembro deste ano, mais de um bilhão de usuários de seu buscador online recebam respostas geradas por IA no topo das pesquisas, acima dos links.
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