Concedido pela fundação que leva o nome do escritor e jornalista colombiano Gabriel García Márquez, o Prêmio Gabo, considerado um dos mais importantes do jornalismo latino-americano, anunciou hoje que o profissional de imprensa guatemalteco José Rubén Zamora será o grande homenageado de sua edição 2024, cuja cerimônia de entrega ocorrerá em Bogotá, no início de junho, durante o Festival Gabo.
Preso desde julho de 2022 sob falsas acusações de lavagem de dinheiro, Zamora é fundador e diretor do elPeriódico, considerado o mais importante veículo de jornalismo investigativo da Guatemala.
Em nota, o Conselho Diretor do Prêmio Gabo afirmou que Zamora foi escolhido vencedor da categoria Reconhecimento de Excelência em virtude de "mais de três décadas de trabalho profissional tenaz e corajoso, dedicado a revelar corrupção e abusos dos direitos humanos que devastaram a Guatemala".
Crédito: Reprodução
José Ruben Zamora denunciou em centenas de reportagens esquemas de corrupção no governo Alejandro Giammattei
Durante o governo do ex-presidente Alejandro Giammattei (2020-2024), Zamora publicou mais de 200 investigações jornalísticas que revelaram grandes esquemas de corrupção na Guatemala, muitos dos quais envolvendo diretamente assessores e aliados do ex-chefe do Executivo.
"Este reconhecimento é um símbolo da encruzilhada democrática que atravessam a Guatemala e outros países latino-americanos, além de um apelo por novas formas de proteger a liberdade de imprensa e de reivindicar o bom jornalismo, atividade que constitui um exercício inseparável da vida democrática”, diz a nota do Conselho Diretor do Prêmio Gabo.
Edição 2023
No ano passado, a Repórter Brasil foi o único veículo de notícias da imprensa nacional contemplado no Prêmio Gabo.
A agência de jornalismo investigativo levou a categoria Cobertura com a investigação multimídia Nome aos Bois. A reportagem traçou um perfil dos principais pecuaristas envolvidos em irregularidades sociais e ambientais do Brasil.
O levantamento relacionou os dez maiores criadores de bois do país. Ao todos eles receberam R$ 639 milhões em multas ambientais, tiveram 163 trabalhadores resgatados de condições semelhantes às de escravos, além de somarem 1.400 km² de áreas embargadas pelo governo por desmatamento ilegal.
Dentre os personagens destacados no trabalho jornalísitico está o banqueiro Daniel Dantas, Controlador do Opportunity, ele ficou nacionalmente conhecido em 2008, quado foi preso por suspeita de lavagem de dinheiro, tentativa de suborno e evasão de divisas.
Segundo a investigação da Repórter Brasil, o Oportunity está envolvido com grandes criações de gado no Brasil, incluindo as da AgroSB e de fazendas da família Quagliato, no interior do Pará, onde foram encontrados 85 trabalhadores em situação de trabalho escravo. A Repórter Brasil revelou que em 2016 o caso foi levado à Corte Interamericana de Direitos Humanos, medida judicial que resultou na condenação do Estado brasileiro.
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