Em meio a disputa envolvendo fake news, jornalismo local presta serviço valioso na tragédia do RS

Redação Portal IMPRENSA | 09/05/2024 13:32
Face ao transbordamento de conteúdos desinformativos sobre as inundações no Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom), acionou esta semana o Ministério da Justiça e Segurança Pública para que investigue contas nas redes sociais que estariam espalhando fake news sobre a tragédia climática que aflige os gaúchos.

A ação, porém, vem sendo acusada de anti-democrática pela oposição, que quer entrar com uma notícia-crime por abuso de autoridade contra Pimenta e o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.

A alegação é de que o pedido de investigação da Secom fere a liberdade de expressão, pois muitas postagens que estariam na mira de Pimenta e Lewandowski não contêm conteúdo desinformativo - e sim opiniões críticas à resposta do governo federal à crise.

Em meio a esse novo capítulo da disputa política que, assim como as chuvas no sul, não dá sinais de trégua no país, veículos jornalísticos locais estão se mostrando essenciais na cobertura da tragédia. 
Crédito: Reprodução
Se nos últimos anos, frente ao avanço das gigantes de internet, jornais locais perderam grande parte do já exíguo espaço que detinham - num fenômeno que reforçou Brasil afora a multiplicação dos chamados 'desertos de notícias' -, na crise enfrentada pelo Rio Grande do Sul eles estão prestando valiosos serviços de interesse público.  

Isso fica evidente nas ações de uma rede de jornalismo local, que reuniu na semana passada 15 veículos de imprensa de cidades do interior e litoral gaúcho, além de 3 veículos paulistas que aderiram para incentivar doações às vítimas. 

Notícias e doações

A rede criou uma página que reúne reportagens e conteúdos locais sobre a situação das enchentes. Também lançou o "Manifesto de Solidariedade e Ajuda ao Rio Grande do Sul", que tem ajudado a coletar doações para as vítimas da tragédia. A ação tem divulgado o pix da campanha oficial do governo Eduardo Leite e está ajudando a levar doações diretamente para prefeituras e entidades de assistência que atuam nas cidades atingidas.

A rede de jornalismo local foi criada com apoio da startup gaúcha de mídia Alright. Fundador da empresa, Domingos Secco reforça que, além de manter a população informada, o jornalismo local tem fortalecido a onda de solidariedade e empatia que vem ajudando os gaúchos a enfrentarem a tragédia.

"O jornalismo local também é uma ferramenta poderosa para mobilizar e dar voz às pessoas, com a responsabilidade de quem tem visto tudo de perto. Apoiar esse jornalismo é estar conectado e solidário com a população do Rio Grande do Sul. E tudo isso de forma imediata", avalia Domingos.

Editora-executiva do Portal Gaz, especializado em notícias de Santa Cruz do Sul e integrante da rede de jornalismo local, a jornalista Heloísa Corrêa acrescenta que os veículos do interior gaúcho estão fazendo um "registro histórico" da tragédia. "Vamos perceber isso ao longo do tempo. O que estamos fazendo agora vai transformar a vida das pessoas e, no futuro, transformar até as políticas públicas de maior enfrentamento às crises climáticas."

Live no Youtube

Ainda de acordo com Heloísa, o jornalismo local tem prestado essencial serviço à população, inclusive pautando grandes veículos nacionais com informação em primeira mão sobre vias bloqueadas, desaparecimentos, desabastecimentos e o trabalho dos voluntários.

Nesta sexta-feira, 10 de maio, às 11h, pelo YouTube, a rede de jornalistas locais fará uma live para compartilhar os desafios e o papel de seu trabalho na crise climática que devastou o Rio Grande do Sul.

A transmissão também vai mostrar propostas de enfrentamento da tragédia e de reconstrução das cidades atingidas. Confirmaram presença na transmissão os veículos Portal Leouve, Folha do Mate, Independente, Portal GAZ, Grupo Oceano, Litoral Mania, O Correio e Acústica FM.

A live poderá ser acessada no canal no YouTube da Alright.