Jornalismo investigativo: 8 anos depois, começa julgamento do caso Panama Papers

Redação Portal IMPRENSA | 08/04/2024 14:57
Começou hoje o julgamento do caso "Panama papers", como ficou conhecida a investigação liderada pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês), que expôs em 2016 a indústria de finanças offshore a partir de um vazamento de milhões de arquivos com detalhes de redes financeiras secretas ligadas a pessoas ricas e poderosas, incluindo criminosos, celebridades e líderes políticos.
 
O julgamento deveria ter ocorrido em 2021, mas sofreu vários adiamentos. Os 11,5 milhões documentos tornados públicos com a investigação vazaram do escritório de advogados Mossack Fonseca.

Dentre as celebridades que teriam usado esquemas ilícitos para não pagar impostos, destaque para o cineasta espanhol Pedro Almodovar, o astro do futebol Lionel Messi, o ex-presidente argentino Mauricio Macri e o antigo primeiro-ministro britânico David Cameron.
Crédito: Rodrigo Arangua / reprodução ICIJ
Após publicação de reportagens sobre o caso, mais de 1,2 bilhão de dólares foram recuperados
O julgamento, que ocorre no Panamá, envolve mais de 30 réus.

Repercussão

Depois do escândalo, o país da América Central passou a ser considerado um paraíso fiscal pela União Europeia. As revelações também provocaram a renúncia de líderes da Islândia e do Paquistão, além do fechamento, sob acusações de lavagem de dinheiro, do escritório Mossack Fonseca.

Em 2019 foi lançado The Laundromat (A Lavanderia), filme dirigido por Steven Soderbergh baseado no caso Panama Papers.

O vazamento dos documentos teria ocorrido graças a um denunciante anônimo, que contatou os repórteres Bastian Obermayer e Frederik Obermaier, do jornal alemão Süddeutsche Zeitung. Os jornalistas compartilharam os documentos com o ICIJ, que reuniu uma equipe de quase 400 repórteres para colaborar em uma investigação internacional.

Em abril de 2016, mais de 100 meios de comunicação em todo o mundo publicaram simultaneamente matérias sobre o escândalo, o que levou à recuperação de mais de 1,2 bilhão de dólares em multas e impostos atrasados, além de centenas de investigações oficiais e respostas de governos e autoridades em todo o mundo.