Realizado esta semana, em Austin, Texas, como parte da edição 2024 do festival SXSW, voltado a temas como inovação, comportamento, marketing, design e produções audiovisuais, o painel “AI and Journalism: The Massive Consequences When Truth is AI” contou com a presença de renomados jornalistas dos EUA.

Eles analisaram imagens e vídeos falsos feitos por IA e o papel dos veículos de imprensa para minimizar a desinformação causada por esse tipo de material.

Participaram do debate Sandra Stevenson, diretora de fotografia do The Washington Post, e três colaboradores da CNN dos EUA (David Allan, diretor editorial, Bernadette Tuazon, diretora de fotografia, e o correspondente Donie O’Sullivan).

Para David, o desafio é maior devido à velocidade com que as imagens são criadas e disseminadas no ambiente digital. Nesse sentido, ele reforçou a importância da educação midiática. "Temos que ensinar as pessoas a fazer nossos trabalhos de checagem."

Eleições

Por sua vez, Bernadette observou que, graças a ferramentas como o Photoshop, imagens falsas circulam muito antes da popularização da IA. Com a tecnologia baseada em aprendizado de máquina, contudo, a profissional ressaltou que a produção de fotos e vídeos manipulados em larga escala tornou-se infinitamente mais acessível e fácil.

No contexto de eleições, ela prosseguiu, os riscos são muito grandes. “Se vejo uma imagem mostrando que no meu local de votação está tendo brigas, eu simplesmente não vou votar”, exemplificou.

Para Sandra Stevenson, a checagem de fatos tornou-se um serviço essencial e é preciso arrefecer o ambiente de competição entre veículos de imprensa. “Temos que entender que trabalhamos com informação e não com competição. Precisamos educar o público e ser transparentes."

Ao frisar que é melhor estar certo do que publicar uma informação incorreta em primeira mão, a executiva também deu a entender que o furo jornalístico tende a perder importância neste cenário de virtual união de esforços contra a desinformação disseminada com o uso de IA. 

Os participantes também criticaram a postura de bancos de imagens que estariam disponibilizando, sem a devida identificação, arquivos feitos com IA aos seus usuários.

Já Donie O’Sullivan falou sobre a crise dos jornais locais e os chamados desertos de notícias, lembrando que tais fenômenos favorecem a disseminação de desinformação produzida com ajuda de IA. 

O correspondente também falou sobre o processo do The New York Times contra a OpenAI por uso não autorizado de seu conteúdo. Para ele, os veículos de imprensa demoraram para defender os direitos autorais de seu conteúdo. E agora correm atrás do prejuízo. “Deixamos as redes sociais comer nosso lanche e agora vemos a OpenAI fazendo isso. Eu não tenho esperança de que a nossa indústria vai saber dominar essa tecnologia."

Leia também