"Navalny promoveu fortemente o jornalismo investigativo", diz EFJ sobre morte de opositor russo

Redação Portal IMPRENSA | 16/02/2024 12:13
A Federação Europeia de Jornalistas (EFJ, na sigla em inglês) afirmou que Alexey Navalny, que morreu hoje aos 47 anos em uma prisão russa, não era apenas um oponente do regime de Vladimir Putin. 

"Ele também era um ativista anti-corrupção, que promoveu fortemente o jornalismo investigativo, a fim de expor a corrupção no regime russo. Condenamos fortemente seu assassinato político", declarou a entidade.

A morte de Navalny foi confirmada pelo Serviço Penitenciário Federal. Ele cumpria pena em Yamalo-Nenets, na região ártica da Rússia. A morte teria sido atribuída a um coágulo sanguíneo. Oficialmente, o opositor perdeu a consciência durante uma caminhada.

Secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg exigiu que a Rússia esclareça as circunstâncias da morte.
Crédito: Reprodução Reuters/BBC
 
Alexey Navalny estava preso na prisão Lobo Polar, que abriga criminosos considerados de alta periculosidade
Advogado, Navalny era considerado o principal adversário político de Putin e ficou conhecido pelas acusações de corrupção ao governo do presidente russo. 

Canditatura presidencial 

Em 2010, ele liderou um movimento contra Putin que levou milhares de pessoas às ruas do país. Nas redes sociais, falava de Putin com deboche e ironia.

Em 2016, chegou a se lançar como candidato presidencial. Mas a Comissão Eleitoral Central da Rússia o impediu de concorrer, pois ele era alvo de vários inquéritos na Justiça.

Ele acabou condenado por peculato, num julgamento que o Tribunal Europeu de Direitos Humanos considerou arbitrário.

Junto com seu irmão Oleg, Navalny também foi condenado pela acusação de fraudar a subsidiária russa da empresa francesa de cosméticos Yves Roche.

Enquanto cumpria pena de prisão, em 2019 Navalny foi levado ao hospital com suspeita de envenenamento.

Em 2020, já em liberdade, ele passou mal novamente quando ia para Moscou participar de um evento de opositores de Putin. Ele desmaiou no avião, que fez um pouso de emergência. Levado à cidade de Omsk, ficou dias internado em um hospital local. Após pressão de apoiadores, ele foi levado para um hospital na Alemanha, onde os médicos determinaram que ele havia sido envenenado.

Após se recuperar do envenenamento, Navalny foi preso novamente em 2021. 

Seus advogados passaram a denunciar as autoridades por tortura e alegavam que ele poderia morrer a qualquer momento.

Em protesto, ele iniciou uma greve de fome. Em dezembro, Navalny foi transferido para a prisão Lobo Polar, uma das mais temidas da Rússia, onde estão detidos condenados por crimes graves.

Localizada a cerca de 60 km do Círculo Polar Ártico, a prisão já foi usada como local de trabalhos forçados.