Além de reverberar no Oriente Médio, onde dezenas de jornalistas palestinos foram mortos e estão presos desde a intensificação dos ataques a Gaza, a perseguição de lobistas pró-Israel a profissionais de imprensa pode ser vista em diferentes partes do mundo.
Na Austrália, jornalistas da sucursal da ABC em Sydney estão ameaçando uma paralisação depois que o jornal Sydney Morning Herald revelou mensagens de WhatsApp em que empresários pró-Israel pressionam o diretor da emissora, David Anderson, e seu presidente, Ita Buttrose, a demitir a jornalista de origem libanesa Antoinette Latouf.
Ela foi desligada em dezembro último da rádio ABC de Sydney, após uma postagem no Instagram criticando os ataques israelenses a Gaza.
Crédito: Reprodução The Guardian
Fachada da emissora ABC, em Sydney: ameaça de greve por demissão de jornalista de origem libanesa
Em sua defesa, a ABC alega que Lattouf havia sido alertada sobre sua política de postagens em redes sociais. Por sua vez, a jornalista afirma que a demissão foi injusta e ocorreu com base em sua opinião política e devido à sua origem libanesa.
Caso Breno Altman
No Brasil, a Conib (Confederação Israelita do Brasil) ingressou na Justiça de São Paulo pedindo que os perfis em redes sociais do jornalista Breno Altman, fundador do site Opera Mundi, sejam suspensos. De origem judaica, o jornalista também tem criticado os ataques israelenses a Gaza.
A ação da Conib também solicita que Altman seja impedido de participar de lives, vídeos ou manifestações.
Em novembro, atendendo a outra ação da Conib, a Justiça de São Paulo determinou a suspensão de sete publicações do jornalista.
Advogado de Altman, Pedro Serrano afirma que o pedido da Conib é "muito grave". "Pode-se divergir do conteúdo, mas não do direito de expressá-lo."
A ABI (Associação Brasileira de Imprensa) classificou a ofensiva contra Altman como "evidente assédio a um jornalista crítico".