Em artigo publicado ontem em ((o))eco, plataforma jornalística especializada em pautas ligadas a conservação da natureza, biodiversidade e política ambiental, Alexander Turra, professor titular do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IOUSP) e coordenador da Cátedra UNESCO para a Sustentabilidade do Oceano, fez uma interessante - e providencial - provocação à imprensa brasileira.
Sob o título "Jornalista, vamos colocar o mar no mapa do Brasil?", o texto ressalta a responsabilidade dos veículos de notícias brasileiros no desafio de aumentar a cobertura de temas relacionados ao oceano. O especialista lembra em sua argumentação que a imprensa precisa pegar carona na Década das Nações Unidas da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável e desenvolver pautas atreladas ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 14, denominado “Vida na Água”, da Agenda 2030 da ONU.
Crédito: Beatriz Santomauro/reprodução ((o))eco
Para Turra, é preciso que a imprensa publique mais e mais matérias sobre políticas públicas relacionadas ao mar, além de fortalecer o debate em torno dos problemas e desafios envolvidos na preservação da biodiversidade e do equilíbrio dos ecossistemas marinhos. Ele lembra ainda que, em agosto de 2023, foi realizada no Memorial da América Latina, na capital paulista, a SP Ocean Week. Organizado em parceria com a Comissão Interministerial para os Assuntos do Mar, do governo federal, o evento debateu a sustentabilidade do oceano e teve como mote "colocar o mar no mapa do Brasil".
Projetos de conservação
Há uma imensa área de mar, prossegue o professor do IOUSP, que faz parte do território brasileiro. São 5,7 milhões de quilômetros quadrados, área que se aproxima ao tamanho da Amazônia Legal. Chamado de Amazônia Azul, esse território marinho brasileiro inclui os trechos conhecidos por Mar Territorial, Zona Contígua, Zona Econômica Exclusiva e Plataforma Continental Jurídica. Somente depois desses limites está o Alto Mar, que não integra o território nacional.
Dentre os temas marinhos que podem inspirar pautas, Turra cita formas pelas quais o oceano pode ser incluído nas abordagens de educação ambiental de escolas e universidades, a importância da pesca artesanal, a maricultura (cultivo de espécies na água salgada) e os diferentes projetos de conservação desenvolvidos ao longo da costa brasileira, incluindo as novas estratégias para a recuperação de recifes de coral a partir de colônias cultivadas em cativeiro e métodos para o monitoramento e combate ao lixo no mar.