Após a exoneração do presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Hélio Doyle, por compartilhar no X (ex-Twitter) um post afirmando que os apoiadores de Israel são “idiotas”, o governo federal estaria orientando servidores públicos a terem neutralidade em suas publicações sobre o conflito no Oriente Médio.
Segundo apuração da CNN Brasil, integrantes do governo que ocupam cargos de liderança têm recebido ligações e mensagens informais pedindo comedimento e bom senso em suas opiniões sobre o assunto postadas nas redes sociais.
A ideia seria evitar casos como o do ex-presidente da EBC, que vinha publicando mensagens a favor da Palestina e acusando o governo de Israel de cometer crimes de guerra. A postagem que levou à sua exoneração afirma: “Não precisa ser sionista para apoiar Israel. Ser um idiota é o bastante”.
Crédito: Reprodução Agência Brasil-Rafa Neddermeyer
Hélio Doyle, ex-presidente da EBC: exoneração após sequência de rusgas com entidades
Também nas redes sociais, Doyle atribuiu sua demissão ao ministro Paulo Pimenta, que teria manifestado descontentamento por ele ter "repostado, no X , postagem de terceiro acerca do conflito no Oriente Médio". Ainda de acordo com o ex-presidente da EBC, Pimenta afirmou que a repostagem e sua repercussão na imprensa "criaram constrangimentos ao governo, que mantém posição de neutralidade no conflito, em busca da paz e da proteção aos cidadãos brasileiros".
"Diante disso, pedi desculpas e comuniquei que deixo a presidência da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), agradecendo ao ministro Pimenta e ao presidente Lula pela confiança em mim depositada por todos esses meses”, arrematou Doyle.
Ataque vil e covarde
Não é a primeira vez que ele causou embaraços ao governo. Em agosto, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e diferentes sindicatos dos jornalistas criticaram Doyle por uma entrevista que ele concedeu ao portal Metrópoles, na qual se mostrou contra a existência de trabalhadores concursados em uma empresa de comunicação pública. Para ele, funcionários concursados da EBC se negam a passar do horário da jornada de trabalho e têm muitos direitos e privilégios.
As entidades classificaram as falas como um "ataque vil e covarde" e afirmaram que Doyle demonstrava "mentalidade neoliberal" ao querer trazer para a EBC o "padrão de alta exploração da força de trabalho que prevalece nas empresas privadas".
Em maio último houve outra rusga entre as entidades e Doyle. Neste caso, ele foi criticado por eliminar cargos na diretoria de jornalismo da EBC, enfraquecer o telejornalismo local da empresa e transferir jornalistas da Agência Brasil para a comunicação do governo federal.