Morta aos 72 anos, na manhã de ontem, em decorrência de câncer, a jornalista Lucia Hippolito começou no jornalismo nos anos 90, como consultora do Jornal O Globo. A partir dali ela construiu uma das carreiras mais marcantes da imprensa brasileira, que também incluiu passagens pelo rádio e pela televisão.
No rádio ela começou em 2002, quando foi convidada pela então diretora da CBN, Mariza Tavares, para fazer o quadro Por dentro das eleições. Diante da ótima resposta dos ouvintes, em 2008 ela assumiu a apresentação do programa CBN Rio.
Na televisão, ao lado de jornalistas como Lilian Witte Fibe, Cristiana Lôbo e Ana Maria Tahan, Lucia marcou época no quadro de debate político semanal As meninas do Jô, exibido no programa de Jô Soares, na Globo.
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Mesmo com limitações impostas pela síndrome de Guillain-Barré, Lucia Hippolito participa do Programa do Jô em 2016
Em reconhecimento a tantas realizações, ela venceu o Troféu Mulher IMPRENSA em cinco oportunidades, em três diferentes categorias.
Também cientista política e historiadora, Lucia foi autora de vários livros, incluindo "De raposas e reformistas, o PSD e a experiência democrática brasileira", de 1985, e "Por dentro do governo Lula: anotações num diário de bordo", publicado em 2005.
Em 2011 ela recebeu a Medalha Tiradentes pela prestação de relevantes serviços à causa pública do estado do Rio de Janeiro.
Em 2012, a jornalista foi diagnosticada com a síndrome de Guillain-Barré, doença autoimune que afeta o sistema nervoso. No seu caso, o problema progrediu e acabou limitando severamente sua autonomia e seus movimentos. A doença se manifestou quando ela estava de férias em Paris. Na capital francesa Lucia chegou a ficar internada durante três meses, sendo 48 dias intubada.
Amigos e colegas de trabalho lamentaram a morte da jornalista. Merval Pereira destacou o entusiasmo profissional de Lucia.
“Desde sempre ela foi assim, uma pessoa entusiasmada com a vida, adorava o que fazia, começou a estudar ciência política e se encantou com as histórias da política brasileira. Ela tinha uma satisfação muito grande, não apenas em estudar a política, os partidos políticos historicamente, como de acompanhar a atuação deles no Congresso. E tinha grande respeito pelos grandes líderes políticos que tivemos.”
Por sua vez, Mariza Tavares, lembrou que conheceu Lucia quando ela era cientista política e professora de história. “Em 2002, quando me tornei diretora da rádio CBN, pensei: ‘Nossa, vou trazer a Lucia’. E assim surgiu o quadro ‘Por dentro das eleições’, depois substituído pelo ‘Por dentro da política’, e aí nascia uma comentarista de mão cheia”.