Com sátira e humor, Paulo Caruso trouxe leveza ao indigesto noticiário brasileiro

Redação Portal IMPRENSA | 06/03/2023 12:31
O corpo do cartunista Paulo Caruso, que morreu aos 73 anos no dia 4 de março, em consequência de um câncer de cólon diagnosticado em 2016, foi enterrado hoje em São Paulo. Considerado ao lado do irmão gêmeo Chico um dos principais chargistas políticos do jornalismo brasileiro, Paulo levou sua habilidade para a sátira e para a caricatura a inúmeros veículos de notícias.

Na própria revista IMPRENSA ele manteve a coluna de página dupla Bar IMPRENSA, onde sintetizava com ironia e inteligência temas relacionados a jornalismo, política e cultura. A colaboração aconteceu em dois períodos: nos anos 1990, quando a redação da revista ficava em cima do Bar Brahma, no centro de São Paulo; e entre 2015 e 2021. 
Crédito: Reprodução Revista IMPRENSA
A partir da coluna Bar IMPRENSA, Paulo levou seu talento aos leitores da revista IMPRENSA
Formado em arquitetura na USP, ele nunca exerceu a profissão. Começou como chargista no Diário Popular, nos anos 1960, e depois passou por veículos lendários da imprensa alternativa, como O Pasquim e Movimento. Também trabalhou para o jornal Folha de S. Paulo, além das revistas Careta, Senhor e IstoÉ. 

Roda Viva

Talvez o trabalho que lhe conferiu maior reconhecimento popular tenha sido o de chargista do não menos lendário programa de entrevistas Roda Viva, da TV Cultura. Desde 1987, Paulo integrou a bancada de jornalistas produzindo charges ao vivo dos entrevistados. Em homenagem, a emissora reprisou a edição do programa com os irmãos Caruso, exibida em dezembro de 2013 e disponível no canal do YouTube do programa. 

Pianista, Caruso chegou a ter uma banda com o irmão e com o escritor Luís Fernando Veríssimo, além de ter marcado gerações com suas caricaturas de personagens do noticiário cultural. Amante de jazz, entre 2012 e 2016 ele apresentou na Rádio Eldorado um programa dedicado ao estilo (A Cara do Jazz).

Dentre os vários prêmios acumulados em mais de 50 anos de carreira está o de melhor desenhista, concedido pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) em 1994. 
Crédito: Daniel Teixeira/Estadão
Paulo Caruso na bancada do programa de entrevistas Roda viva, onde atuava desde 1987

Entre os livros publicados estão As Origens do Capitão Bandeira (1983),  Ecos do Ipiranga (1984), Bar Brasil na Nova República (1986) e São Paulo por Paulo Caruso - Um Olhar Bem-Humorado sobre Esta Cidade (2004).

Paulo Caruso deixou cinco filhos, um neto e o irmão gêmeo.

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