Demitido no dia 28 de fevereiro, minutos após publicar reportagem no jornal Folha Metropolitana sobre denúncia de trabalho análogo à escravidão em uma unidade púbica da prefeitura de Joinville, o jornalista Leandro Schmitz disse à Revista Fórum que fez o que qualquer jornalista faria.
O profissional de imprensa também afirmou que não quer que as pessoas tenham a impressão de que ele está se aproveitando da situação. "Espero apenas poder trabalhar novamente. E que isso não aconteça com mais ninguém. É muito injusto.”
A matéria que teria causado a demissão do jornalista foi baseada na apuração de uma denúncia do Sindicato dos Servidores Públicos de Joinville (Sinsej) ao Ministério Público do Trabalho (MPT).
Crédito: Reprodução Sinsej
A reportagem revelou que trabalhadores do Centro de Bem-Estar Animal de Joinville (CBEA) eram transportados no baú de um caminhão e faziam refeições em canis e outros locais insalubres.
Os trabalhadores seriam prestadores de serviço de uma empresa terceirizada pela prefeitura de Joinville.
Diante da repercussão do caso, a Folha Metropolitana emitiu uma nota dizendo que a demissão do jornalista já estava prevista e se deu por "por reestruturações de equipe para atender a produção jornalística com a nova realidade financeira e editorial desde que o jornal parou de ser impresso”.
Ameaça de morte
O veículo também justificou a demissão afirmando que o jornalista tem pouca disponibilidade de tempo, pois também é servidor público da prefeitura de Joinville.
A esse respeito, o jornalista argumentou que, quando o contratou, o jornal sabia que ele é funcionário da prefeitura. Ele também afirmou que suas atividades no órgão municipal não interferem no trabalho de jornalista freelancer.
Por sua vez, o Sinsej afirmou que "a demissão claramente é fruto de pressão da prefeitura de Joinville". A entidade também afirmou que a matéria sobre a denúncia "cumpre todos os preceitos básicos do jornalismo" e que Leandro "deu voz a todos os envolvidos e apresentou vídeos e fotos como provas do que havia apurado".
Em um novo desenrolar do caso, a presidente do Sinsej, Jane Becker, registrou um boletim de ocorrência nesta quinta-feira (2 mar/23) após ter sido ameaçada de morte quando dirigia seu carro em Joinville.