O censo carcerário de 2021, divulgado hoje pelo Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ, na sigla em inglês), trouxe mais um dado alarmante no que diz respeito à liberdade de imprensa em todo o mundo.
Segundo a organização, em 2021, o número de jornalistas presos simplesmente por exercer a profissão chegou a 293, um recorde. Em 2020, eram 280, número já considerado alto. No texto, a CPJ destaca que o ano foi "especialmente sombrio para os defensores da liberdade de imprensa".
Pelo terceiro ano consecutivo, a China figura como o país que mais prende profissionais - são 50, ao todo. Depois do golpe militar em fevereiro, Mianmar assumiu a segunda posição, somando 26. Atrás estão o Egito, com 25, Vietnã, com 23. Belarus, que vive sob o domínio do ditador Alexander Lukashenko, completa o top 5, com 19 profissionais detidos.
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Mapa do CPJ aponta países com mais jornalistas presos
Neste ano, as prisões em Hong Kong passaram a ser somadas às da China. Foram oito no território chinês, entre eles, Kimmy Lai, fundador do Apple Daily. De toda a lista, 40 presos são mulheres.
O Brasil também está presente na lista do CPJ. Paulo Cezar Andrade Prado, do Blog do Paulinho, foi condenado a 5 meses de prisão pelo crime de difamação contra o empresário Paulo Garcia, dono da Kalunga. As entidades que representam os profissionais do jornalismo repudiaram a prisão.
Ao todo, na América Latina, são seis jornalistas presos, além do brasileiro - três em cuba, e dois na Nicarágua. Embora o número seja "relativamente baixo", segundo o relátório, há um "declínio preocupante na liberdade de imprensa da região".
Todos os países, segundo o CPJ, "refletem uma tendência marcante: uma crescente intolerância em relação ao jornalismo independente".
"Em um mundo preocupado com a covid-19 e tentando priorizar questões como mudanças climáticas, governos repressivos estão claramente cientes de que a indignação pública com os abusos dos direitos humanos será atenuada, enquanto governos democráticos têm menos apetite por retaliação política ou econômica", diz o texto.
O número de assassinatos também cresceu. Ao menos 24 jornalistas morreram no exercício da profissão neste ano - 19 por retaliação, três em zonas de conflito e dois na cobertura de protestos. Outras 18 mortes ocorreram em circunstâncias em que não é possível determinar se eram alvo.
Não há registros de mortes no Brasil. No México, três profissionais foram assassinados pela produção de reportagens. A relação de outras seis mortes com a profissão está sob investigação.
O censo do CPJ é divulgado anualmente. Para consultá-lo na íntegra,
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