Relatório do governo Biden destaca agressões à imprensa no Brasil

Redação Portal IMPRENSA | 31/03/2021 18:27
Divulgado nesta terça-feira (30) pelo Departamento de Estado norte-americano, o relatório anual sobre Direitos Humanos feito pelo governo Biden destacou o recrudescimento das ameaças à liberdade de imprensa no Brasil.

Um dos países analisados pelo documento, o Brasil aparece atrelado a assassinatos ilegais ou arbitrários cometidos pela polícia, atos generalizados e corrupção e violência contra jornalistas, neste caso diretamente relacionada ao presidente Jair Bolsonaro.

O documento citou relatório da ONG Repórteres Sem Fronteira, que diz que o presidente criticou a imprensa, verbalmente ou em redes sociais, 53 vezes no primeiro semestre de 2020.
Crédito:Reprodução UOL

O relatório também mencionou entrevistas do presidente em frente ao Palácio do Alvorada, destacando que vários jornalistas foram submetidos a agressões verbais nestas ocasiões.

Até a decisão dos veículos de suspender a cobertura dessas entrevistas informais por falta de segurança foi destacada pelo relatório.

Além dos ataques à imprensa, o documento ressalta que líderes indígenas fizeram declarações públicas acusando o governo de abandonar suas comunidades na pandemia.

Em termos de violência policial, o relatório cita diversos casos e afirma que membros das forças de segurança cometeram vários abusos no Brasil. O relatório usa como base os dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública que mostram que 5.804 civis foram mortos pela corporação em 2019.

O documento também aborda a violência contra ativistas do campo, com dados da ONG Terra de Direitos e Justiça Global. Foram contabilizados 327 casos, incluindo assassinato, ameaças, violência física e prisões de políticos ou candidatos entre 2016 e setembro de 2020. 

O relatório lembrou ainda o caso do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista dela, Anderson Gomes, em março de 2018, e a prisão dos ex-policiais Ronnie Lessa e Elcio Vieira de Queiroz.

Em relação à China, o Departamento de Estado apontou o desaparecimento de quatro jornalistas que relataram o início do surto de Covid-19 em Wuhan. 

Sobre a Rússia, o documento destacou o caso de Alexei Navalni, que teria sido envenenado por ser opositor ao governo.