Divulgado nesta terça-feira (30) pelo Departamento de Estado norte-americano, o relatório anual sobre Direitos Humanos feito pelo governo Biden destacou o recrudescimento das ameaças à liberdade de imprensa no Brasil.
Um dos países analisados pelo documento, o Brasil aparece atrelado a assassinatos ilegais ou arbitrários cometidos pela polícia, atos generalizados e corrupção e violência contra jornalistas, neste caso diretamente relacionada ao presidente Jair Bolsonaro.
O documento citou relatório da ONG Repórteres Sem Fronteira, que diz que o presidente criticou a imprensa, verbalmente ou em redes sociais, 53 vezes no primeiro semestre de 2020.
O relatório também mencionou entrevistas do presidente em frente ao Palácio do Alvorada, destacando que vários jornalistas foram submetidos a agressões verbais nestas ocasiões.
Até a decisão dos veículos de suspender a cobertura dessas entrevistas informais por falta de segurança foi destacada pelo relatório.
Além dos ataques à imprensa, o documento ressalta que líderes indígenas fizeram declarações públicas acusando o governo de abandonar suas comunidades na pandemia.
Em termos de violência policial, o relatório cita diversos casos e afirma que membros das forças de segurança cometeram vários abusos no Brasil. O relatório usa como base os dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública que mostram que 5.804 civis foram mortos pela corporação em 2019.
O documento também aborda a violência contra ativistas do campo, com dados da ONG Terra de Direitos e Justiça Global. Foram contabilizados 327 casos, incluindo assassinato, ameaças, violência física e prisões de políticos ou candidatos entre 2016 e setembro de 2020.
O relatório lembrou ainda o caso do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista dela, Anderson Gomes, em março de 2018, e a prisão dos ex-policiais Ronnie Lessa e Elcio Vieira de Queiroz.
Em relação à China, o Departamento de Estado apontou o desaparecimento de quatro jornalistas que relataram o início do surto de Covid-19 em Wuhan.
Sobre a Rússia, o documento destacou o caso de Alexei Navalni, que teria sido envenenado por ser opositor ao governo.