O Fórum sobre Informação e Democracia está com uma convocação aberta para receber contribuições de todo o mundo, que vão compor um relatório com recomendações para o futuro da mídia. O documento está previsto para ser lançado em maio de 2021 e irá tratar de regulamentação e autorregulação para a economia do setor.
O relatório pretende abranger três tópicos principais: boas práticas da mídia de notícias independente com e sem fins lucrativos; regulamentação que favorece um ambiente propício para a sustentabilidade do jornalismo e recomendações para políticas fora do mercado.
E é dentro desses temas que profissionais da mídia, especialistas, juristas e pesquisadores que trabalham nessas questões estão convidados a colaborar até o dia 28 de fevereiro de 2021.
As contribuições serão recebidas e compiladas pelo grupo de trabalho do Fórum que trata da sustentabilidade do jornalismo. O grupo é presidido por Rasmus Kleis Nielsen, diretor do Instituto Reuters para o Estudo do Jornalismo em Oxford, e conta com outros 17 grandes nomes na área.
“Nosso objetivo no grupo de sustentabilidade é trabalhar nos próximos meses para coletar dados e evidências para formular recomendações em termos de boas práticas para a mídia com e sem fins lucrativos, opções regulatórias e políticas não mercantis (como serviço público mídia ou subsídios), tudo no interesse de garantir um ambiente propício para o jornalismo independente e a mídia livre em diferentes contextos em todo o mundo”, escreveu Nielsen em um artigo em sua página na internet.
As recomendações servirão como norte para governos, organismos internacionais, plataformas digitais e órgãos de mídia.
Nielsen delineou quatro princípios que ele e o grupo pretendem seguir na produção do trabalho. Em seu artigo, ele listou:
“Primeiro – nosso trabalho deve ser orientado para o futuro e não romantizar o passado, ou ignorar as ambiguidades e imperfeições do jornalismo e da mídia de notícias existentes.
Em segundo lugar - o nosso trabalho deve ser baseado em dados e evidências que nos dão confiança de que todas as recomendações que fazemos realmente são boas e não apenas parecerem boas.
Terceiro - se quisermos evitar contribuir para uma maior politização do jornalismo e da mídia independente por diferentes atores políticos e garantir um ambiente mais estável, é importante considerar se as recomendações terão amplo apoio público e político.
Quarto - precisamos lembrar que vivemos em uma época de recessão democrática e concentração crescente de poder corporativo, e que quaisquer recomendações que aumentem a dependência do jornalismo e da mídia independente de favores políticos ou acordos especiais opacos com grandes empresas individuais podem ser uma ameaça à independência editorial de longo prazo, porém favorável aos resultados de curto prazo.”
Os colaboradores aparecerão no relatório final, se assim o desejarem. As recomendações serão submetidas às categorias relevantes de partes interessadas e publicadas no relatório em maio. O grupo tem apoio dos Estados da Alliance for Multilateralism e pela Media Freedom Coalition.
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