A jornalista independente Zhang Zhan foi condenada a quatro anos de prisão após produzir reportagens sobre o surto de Covid-19 na cidade chinesa Wuhan.
Segundo a CNN Brasil, o tribunal chinês considerou a jornalista culpada por “brigar e causar problemas”. O crime é comumente atribuído pelo governo chinês a dissidentes e ativistas de direitos humanos.
O julgamento aconteceu nesta segunda-feira (28). Há ainda outros processos vigentes contra autores de imagens que mostraram hospitais lotados e ruas vazias em Wuhan, exibindo ao mundo um quadro mais grave do primeiro epicentro da pandemia do que a narrativa oficial.
"Provavelmente apelaremos. A Sra. Zhang acredita que está sendo perseguida por exercer sua liberdade de expressão ", disse o advogado Ren Quanniu à agência Reuters.
A União Europeia pediu à China, nesta terça-feira (29), a libertação imediata da jornalista. O porta-voz da política externa da UE, Peter Stano, afirmou em um comunicado que "Zhang foi submetida a tortura e maus-tratos durante sua detenção, e sua saúde piorou seriamente. É fundamental que ela receba a assistência médica adequada".
Críticas às primeiras medidas da China contra a pandemia foram censuradas, quando delatores, como médicos, alertavam sobre a gravidade do novo coronavírus. Depois de o país conseguir controlar o vírus, a mídia estatal atribuiu o sucesso em conter a propagação da doença à liderança do presidente Xi Jinping.
Crédito:YOUTUBE/AFP/Arquivos
O caso
Detida em meados de maio, a jornalista fez greve de fome no final de junho, afirmam documentos judiciais vistos pela Reuters.
Seus advogados disseram ao tribunal que a polícia amarrou suas mãos e a alimentou à força com um tubo. Em dezembro, ela estava sofrendo de dores de cabeça, tontura, dor de estômago, pressão baixa e infecção na garganta.
Outros "jornalistas-cidadãos" (pessoas que podem não ter formação em jornalismo, mas produziram reportagens) desapareceram sem explicação na China, incluindo Fang Bin, Chen Qiushi e Li Zehua.