O coletivo Fiquem Sabendo divulgou nesta quinta (26), a partir de informações obtidas via Lei de Acesso à Informação (LAI), que sete militares da reserva ocupam postos de comando na Empresa Brasileira de Comunicação (EBC).
Desse grupo de militares, seis foram admitidos em 2019, durante o governo do presidente Jair Bolsonaro , e um foi contratado em 2018, na gestão Temer. De acordo com os dados revelados, seus salários na estatal somam R$ 146 mil por mês.
Os militares Cássio Murilo Garcia Coutinho (R$ 21 mil), Cristiano Mendonça Filho (R$ 17 mil), Hidenobu Yatabe (R$ 26 mil), Luiz Gustavo Franco da Rocha (R$ 14 mil), Marcio Kasuaki Fusissava (R$ 25 mil), Pedro Felix de Goes Junior (R$ 14 mil) e Roni Baksys Pinto (R$ 26 mil) ocupam cargos de direção, chefia e assessoramento.
Em 29 de setembro último, o general Luiz Carlos Pereira Gomes, que tinha salário de R$ 29 mil e ocupava a presidência da EBC, foi exonerado. Ele foi substituído pelo publicitário Glen Lopes Valente, que já atuou no SBT.
Funcionário da EBC e diretor da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), o jornalista Márcio Garoni disse em entrevista ao Brasil de Fato que os militares “são o braço do governo dentro da empresa”. “São cargos de direção, que definem as diretrizes da empresa, que basicamente é um desmonte."
Desde a posse de Jair Bolsonaro, 90 trabalhadores da EBC foram exonerados. Também ao Brasil de Fato, o sociólogo e jornalista Laurindo Lalo Leal avaliou que a perda de autonomia da estatal vem desde 2016. “Um dos primeiros atos do governo Temer foi acabar com o caráter público da EBC, transformando-a em empresa governamental.”
Ainda de acordo com Leal, durante o atual governo houve um crescimento “imoral” no número de pessoas que passaram a ocupar funções especializadas “sem nenhuma habilitação”.
“No governo Bolsonaro esse processo foi aprofundado e passou a ser operado diretamente por militares colocados em postos de comando. Uma prática de aparelhamento aplicada a praticamente todos os órgãos do governo. Militares da reserva principalmente viram nessa política a oportunidade de aumentarem significativamente os seus soldos.”
Leia também: