Conheça os sete tipos de desinformação, segundo o Guia do First Draft

Redação Portal IMPRENSA | 03/12/2019 10:06
Existem muitos exemplos das diferentes maneiras pelas quais o conteúdo pode ser usado para enquadrar, enganar e manipular. 

Segundo a diretora do First Draft, Claire Wardle, a decomposição dessas técnicas pode ajudar os jornalistas e o público a compreender melhor os tipos de desinformação no ambiente online.
 
“A desordem da informação é complexa. Algumas delas podem ser descritas como poluição de informações de baixo nível - manchetes de clickbait, legendas desleixadas ou sátiras que enganam - mas algumas são sofisticadas e profundamente enganosas”.
 
Assim, o First Draft definiu as sete categorias da desinformação para ajudar as pessoas a entender a complexidade desse ecossistema.

O conteúdo faz parte do terceiro guia publicado pelo First Draft, intitulado "Essential Guide to Understanding Information Disorder", produzido pela diretora e co-fundadora do First Draft nos EUA, Claire Wardle.

Veja quais são os sete tipos de desinformação:
 
CONTEÚDO FABRICADO - Novo conteúdo 100% falso, projetado para enganar e causar danos.
Conteúdo Fabricado é o que é 100% falso. Antes da eleição presidencial dos EUA em 2016, a falsa alegação de que Donald Trump havia sido endossado pelo Papa Francisco recebeu grande atenção. A manchete apareceu em um site chamado WTOE5, que vendeu vários boatos falsos antes das eleições americanas. O artigo afirmava que o papa Francisco endossou Donald Trump como presidente, mas não é verdade.

Crédito:First Draft



CONTEÚDO MANIPULADO - Quando informações ou imagens genuínas são manipuladas para enganar.
Mídia manipulada é quando um aspecto do conteúdo genuíno é alterado. Isso se relaciona com mais frequência a fotos ou vídeos. 

CONTEÚDO IMPOSTOR - Quando fontes genuínas são representadas.
Ver uma marca que já conhecemos é uma heurística muito poderosa. É por esse motivo que estamos vendo um aumento no conteúdo dos impostores - conteúdo falso ou enganoso que usa logotipos conhecidos ou as notícias de figuras ou jornalistas consagrados. Um site de notícias impostor usou o logotipo da BBC para obter informações enganosas sobre as eleições no Reino Unido.

Crédito:First Draft



CONTEXTO FALSO - Quando conteúdo genuíno é compartilhado com informações contextuais falsas.
Essa categoria é usada para descrever conteúdo genuíno, mas que foi reformulado de maneira perigosa. Um exemplo que causou indignação significativa na época foi a imagem de uma criança dentro de uma gaiola que circulou no verão de 2018. Porém, a criança retratada na foto, na verdade,  foi apresentada como parte de um protesto contra as políticas de imigração. 

Crédito:First Draft



CONTEÚDO INCORRETO - Uso enganoso de informações para enquadrar um problema ou indivíduo.
A fragmentação da informação está longe de ser nova e se manifesta de inúmeras maneiras. A reformulação das histórias nas manchetes, o uso de fragmentos de aspas para sustentar um ponto mais amplo, citando as estatísticas de uma maneira que se alinha com uma posição ou decidindo não cobrir alguma coisa, porque isso prejudica um argumento, são todas técnicas reconhecidas - se escondidas. Ao argumentar, todos são propensos a elaborar conteúdo que apoie seu argumento geral.

CONEXÃO FALSA - Quando manchetes, imagens ou legendas não suportam o conteúdo.
Como parte do debate sobre desordem da informação, é necessário que a indústria de notícias reconheça seu próprio papel na criação de conteúdo que não atenda aos altos padrões exigidos por uma indústria agora atacada por vários lados. Pode - e faz - levar os jornalistas a serem descritos como o 'inimigo do povo'.
Quero destacar práticas de redações que podem aumentar o barulho, levar a confusão adicional e que acabam diminuindo a confiança no Quarto Estado. Uma dessas práticas é o conteúdo de 'isca de clique', o que eu chamo de 'conexão falsa'. Quando as agências de notícias usam linguagem sensacional para gerar cliques - linguagem que fica aquém para o leitor quando chega ao site - essa é uma forma de poluição.

PARÓDIA - Nenhuma intenção de causar danos, mas tem potencial para enganar.
A razão pela qual a sátira usada dessa maneira é uma ferramenta tão poderosa é que muitas vezes as primeiras pessoas a vê-la entendem-na como tal. Porém, à medida que é compartilhada novamente, mais pessoas perdem a conexão com a mensagem original e não conseguem entendê-la como sátira. Diferentemente de um jornal em que você entende qual seção do artigo está vendo e vê pistas visuais que mostram que você está na seção de opinião ou na seção de desenhos animados, esse não é o caso online.