O presidente Jair Bolsonaro comparou a imprensa com a profissão de datilógrafo, que desapareceu, e disse que o jornal Valor Econômico, do Grupo Globo, deve fechar por conta do fim das publicações de balanços em jornais.
“A imprensa está cometendo um suicídio. Assim como acabou no passado o datilógrafo, a imprensa está acabando. Não é só por questão de poder aquisitivo do povo que não está bom. É porque não se acha verdade ali”, disse, durante encontro ontem com representantes da Acaert (Associação Catarinense de Emissoras de Rádio e Televisão) no Palácio do Planalto.
Segundo Bolsonaro, existe uma briga com a grande imprensa porque ela deturpa suas falas.
“Há uma briga também com a mídia tradicional, com a grande mídia, na questão de deturpar. Ontem eu tive saco de ouvir um pouco a GloboNews, falando sobre queimada da Amazônia. Duas senhoras ali que, pelo amor de Deus, só falam abobrinha o tempo todo. Entendem de tudo, tudo”, afirmou.
No dia 6 de agosto, ao assinar a MP 892, que desobriga as empresas de capital aberto a publicarem seus balanços nos jornais impressos, Bolsonaro disse que esta foi uma retribuição ao que chama de “ataques” da imprensa. Com a MP, os jornais devem perder R$ 600 milhões anuais em faturamento.
“O jornal Valor Econômico, que é da Globo, vai fechar. Não devia falar? Não devia falar, mas qual é o problema? Será que eu vou ser um presidente politicamente correto?”, disse.
A Associação Nacional de Jornais (ANJ) publicou em seu site uma nota repudiando as equivocadas manifestações do presidente Jair Bolsonaro a respeito da imprensa.
“A ANJ lembra que o presidente sancionou em abril passado uma nova e moderna legislação para a transição digital da publicação de balanços e, menos de quatro meses depois, editou a MP 892, cancelando-a em, como ele mesmo admitiu, ‘retribuição’ à cobertura dos jornais. Além de desconhecer que todo o papel de imprensa provém de florestas renováveis, o presidente ignora mais uma vez a relevância da atividade jornalística, sobretudo em uma era em que a desinformação e o sectarismo transbordam de redes sociais e manifestações oficiais”, diz a nota.
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