Jornalistas mortos e perseguidos são eleitos Pessoa do Ano pela revista Time

Redação Portal IMPRENSA | 11/12/2018 14:30

Em meio ao crescimento das ameaças a profissionais de imprensa ao redor do mundo, a revista Time outorgou a jornalistas vítimas de violência no exercício da profissão o título de Pessoa do Ano 2018. O jornalista saudita Jamal Khashoggi figura na lista juntamente com Maria Ressa, do portal Rappler, e as repórteres Wa Lone e Kyaw Soe Oo, da agência Reuters. A revista também incluiu o jornal americano Capital Gazette na homenagem. 

Crédito:Reprodução Revista Time

Crítico da monarquia da Arábia Saudita, Khashoggi foi morto por agentes de segurança, no dia 2 de outubro, dentro do consulado do seu país, em Istambul, na Turquia. Maria é alvo de perseguição governamental nas Filipinas por suas reportagens investigativas sobre o governo de Rodrigo Duterte. Lone e Soe Oo foram presas em Mianmar enquanto investigavam o genocídio da minoria muçulmana Rohingya no país. Já o jornal da cidade de Maryland teve cinco profissionais assassinados em junho, durante ataque a tiros em sua redação.   


"Estamos reconhecendo quatro jornalistas e um meio de comunicação que pagaram um terrível preço por encarar os desafios deste momento", declarou o diretor da publicação, Edward Felsenthal, ao fazer o anúncio da premiação. "Quando olhamos para as escolhas, ficou claro que a manipulação e o abuso da verdade são o fio condutor em muitas das principais reportagens deste ano."


Khashoggi, que havia deixado a Arábia Saudita em 2017 temendo represália da casa real, morava nos Estados Unidos onde trabalhava como articulista para o Washington Post. Ele se tornou a primeira pessoa morta a receber a homenagem. A premiação temática, porém, não é inédita. No ano passado, integrantes do movimento #MeToo foram as homenageadas. 


A premiação deste ano será o tema da matéria de capa da próxima edição da revista que terá como título "Os Guardiões na Guerra pela Verdade". Além dos quatro já citados, a publicação vai relembrar a história de outros profissionais de imprensa que se tornaram alvo de perseguição ou violência por seu trabalho. A jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha, que publicou reportagem revelando esquema ilegal pago por empresários pelo envio de mensagens contra o PT pelo WhatsApp durante a eleição também foi citada.


A Time abre uma votação online para indicar as personalidades que podem ser homenageadas. Os vencedores, porém, são escolhidos pelos editores da publicação. Este ano, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) chegou a ter o nome incluído na enquete. 

 

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