Neste ano, o fotojornalismo brasileiro foi agraciado com mais uma obra de Mônica Zarattini. A fotógrafa retornou ao sertão da Bahia para relembrar a Guerra de Canudos e trabalhar o próprio arquivo após 27 anos dos primeiros registros, realizados em 1989, durante o 80º aniversário de morte de Euclides da Cunha. O fotolivro “Plano, seco e pontiagudo” rendeu visibilidade à fotojornalista premiada na 13º edição do
Troféu Mulher IMPRENSA. Em discurso, Mônica destacou o reconhecimento por três décadas de trabalho atrás das lentes.
Crédito:Elisa de Paula / IMPRENSA Editorial
Com passagens por periódicos sindicais, Diário Popular e carreira consolidada no Estado de S. Paulo, a fotojornalista chegou a ocupar cargo de editora e participou da cobertura de inúmeras reportagens marcantes no país, entre elas, a rebelião organizada pelo PCC no presídio Carandiru, em 2001. O episódio rendeu o Prêmio Vladmir Herzog de Direitos Humanos e o Prêmio Imprensa Embratel. Desta vez, o Troféu Mulher IMPRENSA relembra a caminhada de todo este período. “Estou muito feliz pelo reconhecimento de mais de 30 anos de fotojornalismo, que busquei levar a melhor imagem de forma ética”.
Mônica pontuou as adversidades na profissão, sobretudo em uma editoria predominantemente masculina. “Eu acho que realmente não são dadas as mesmas oportunidades para a mulher fotógrafa nas redações. A gente vai para campo, para presídio, fazer foto. Então, por que não contratar mulheres?”. Sobre a marcante experiência no Carandiru, a fotógrafa destaca que o compromisso com a imagem foi o que a manteve centrada no trabalho. “Foi uma grande rebelião, em massa. Entrar em um presídio masculino é muito complicado porque você tem que se impor, eu nunca tive problemas. Já fiquei dentro de uma cela com 40 ou 50 presidiários, mas eu soube me colocar para conversar e obter a melhor imagem. Este é o meu compromisso: levar a melhor imagem da notícia para o leitor, para que ele veja o melhor que eu pude ver”.
A recente visita a Canudos, que rendeu o atual fotolivro trabalhado, foi a oportunidade para rever personagens que Mônica fotografou há 27 anos. “Eu me orgulho muito por ter conseguido trabalhar meu próprio arquivo e voltar lá para relembrar a guerra. Houve uma luta por moradia, luta por um lugar para as pessoas serem felizes vivendo decentemente. Eu acho que foi um pouco de militância também, por fazer uma fotografia voltada para o objetivo de dar visibilidade às pessoas que não tem onde morar, que batalham por moradia”.
Troféu Mulher IMPRENSA
Promovido pela Revista e Portal IMPRENSA, o prêmio tem como missão difundir o trabalho das mulheres na comunicação em todo o Brasil, e é a única premiação jornalística do Brasil dedicada exclusivamente ao público feminino. São 17 categorias que visam homenagear as profissionais de destaque em cada setor da mídia.
*Marília Campos é estudante de jornalismo na Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo. Para a cobertura do prêmio, IMPRENSA estabeleceu uma parceria com universidades e professores por meio do projeto "Embaixador IMPRENSA" - uma iniciativa do Portal IMPRENSA que reúne estudantes de Comunicação para um intercâmbio de informações e experiências.
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