Confira 10 livros que o jornalista não pode deixar de ler

Marcia Rodrigues | 11/07/2018 08:51

Faz parte da profissão do jornalista ler, ler e ler. Mas sempre há livros que não podem deixar de constar na nossa biblioteca de conhecimento pessoal. Ainda que a relação renove de tempos em tempos, alguns livros constam em muitas delas. “A Sangue Frio”, de Truman Capote, e “Chatô, o Rei do Brasil” são dois exemplos que podemos citar.

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Aqui vai a lista de 10 livros indicados pela jornalista Paula Cunha, que também é palestrante e especialista em cinema, a pedido do Portal IMPRENSA:

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A Sangue Frio - Truman Capote 


Polêmico trabalho jornalístico do autor, que ao ler sobre os assassinatos que dois jovens, Richard Hickcock e Perry Smith, cometeram na cidade norte-americana de Holcomb, os entrevistou e acompanhou do julgamento até a condenação à morte dos dois por enforcamento. O relato da origem das vítimas e dos réus é minucioso, bem como dos vizinhos e da vida na pequena cidade do Oeste do Kansas. 


A frieza da narração é assustadora e as reações que provocaram foram igualmente devastadoras, pois Capote ultrapassou todos os limites éticos ao se envolver emocionalmente com um dos acusados, Smith. Transformado em livro, marcou o início do movimento New Journalism nos Estados Unidos e a criação do gênero romance reportagem.

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Chatô, O Rei do Brasil – Fernando Morais


Fernando Morais traça um perfil brilhante de Assis Chateaubriand, considerado o imperador da mídia brasileira. Conta, sem endeusar o empresário, a criação do maior conglomerado de comunicação, com os Diários Associados à frente do grupo. 


São muito bem lembradas as jogadas políticas, a rivalidade com outros jornalistas, principalmente com Samuel Wainer, os detalhes da fundação do Museu de Arte de São Paulo (Masp) e a iniciativa de trazer a televisão para o Brasil em 1950, com a inauguração da Rede Tupi.

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Minha Razão de Viver – Samuel Wainer


Samuel Wainer conta com sinceridade o início da carreira, o apoio explícito a Getúlio Vargas, a fundação do jornal Última Hora, que revolucionou o jornalismo nos anos 1950 e como isso atraiu a ira de concorrentes como as famílias Marinho (O Globo) e Mesquita (O Estado de S.Paulo) e Assis Chateaubriand (Diários Associados), a rivalidade política com Carlos Lacerda, seu inimigo. 


O livro é um retrato importante da consolidação da imprensa brasileira, seu envolvimento com a política e o golpe militar de 1964.

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A Regra do Jogo – Cláudio Abramo


O jornalista Cláudio Abramo volta ao início de sua carreira e narra como contribuiu para a modernização dos principais jornais do País. Seu relacionamento com os proprietários dessas empresas e colegas é descrito com sinceridade. 


Como bônus, há uma coletânea de artigos que analisam diversas fases da política brasileira até a sua morte em 1987.

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Os Sertões – Euclides da Cunha


Euclides da Cunha publicou o livro sobre a Guerra de Canudos em 1902. Ele é o resultado do trabalho do autor como correspondente do jornal "O Estado de S. Paulo" durante o conflito e se encaixa na categoria de livro-reportagem, que se utiliza ao mesmo tempo das prosas científica e artística.


Pertence à fase do pré-modernismo da literatura brasileira e, por isso, apresenta características de diversas escolas literárias como o Realismo e técnicas que antecipam o Modernismo. Pode ser considerada também uma obra de estudo sociológico, geográfico e histórico. Apresenta forte crítica social ao retratar as dificuldades dos sertanejos ("O sertanejo é, antes de tudo, um forte") e a já histórica indiferença das elites brasileiras.

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Todos os Homens do Presidente - Carl Bernstein e Bob Woodward 


Os repórteres Carl Bernstein e Bob Woodward narram todo o processo de investigação e apuração de informações da invasão do edifício Watergate, sede do Partido Democrata em Washington, capital dos Estados Unidos. O jornal onde trabalhavam, o Washington Post, liderou a corrida da elucidação do escândalo até a renúncia do presidente republicano Richard Nixon em agosto de 1974.


Repleto de fatos importantes que envolviam o contexto político da época e a respeito da busca pelas informações, a recusa de algumas fontes a oferecer informações e o envolvimento com o famoso informante do governo apelidado de Garganta Profunda (famoso filme pornográfico lançado no início da década de 1970), o livro também é recheado de histórias saborosas sobre as tentativas canhestras de Bernstein de falar espanhol com uma possível fonte do México, que provocavam a paralisação do trabalho na redação, já que todos os colegas queriam se divertir às custas dele. 


A adaptação para o cinema omite esse clima, mas contribuiu para que um público maior conhecesse os detalhes dessa importante fase da vida política norte-americana.

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Décadas Púrpuras – Tom Wolfe


Tom Wolfe, um dos fundadores do New Journalism nos Estados Unidos, aplica nesse livro todas as técnicas desse novo estilo jornalístico como a descrição literária de fatos apurados e dos diálogos com as fontes.


Apresenta um painel da cultura entre 1964 e 1981, com relatos instigantes dos mais variados grupos como surfistas, artistas e intelectuais do bairro novaiorquino do Village, empresários, estrelas de cinema e da música, entre outros.

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Sem Lugar para se Esconder - Glenn Greenwal 


O ex-advogado e jornalista do The Guardian, Glenn Greenwald, publicou uma série de reportagens que relatava os métodos que a Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) utilizava para espionar não apenas os cidadãos e empresas dos Estados Unidos, mas também líderes políticos e habitantes de outros países, aliados ou não. Sua principal fonte foi Edward Snowden, ex-prestador de serviços à NSA.


O livro não se restringe a relatar os fatos e os detalhes dos contatos entre Greenwald e Snowden mas também analisa as consequências da invasão de privacidade em escala mundial para a democracia.

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O Sequestro da América – Charles Ferguson


O escritor e diretor de documentários Charles Ferguson analisa com profundidade, obtida por meio de uma pesquisa exaustiva de dados, a lama em que o sistema financeiro dos Estados Unidos afundou e o vale-tudo desonesto em que se transformou após todas as medidas tomadas por sucessivos governos, republicanos e democratas, para desregulamentar e afrouxar o setor até eliminar todas as regras de atuação com o objetivo de beneficiar as elites do país. Todos esses desmandos resultaram na crise financeira de setembro de 2008.


O conteúdo do livro é um aprofundamento do documentário "Inside job", que Ferguson lançou em 2010 e que recebeu o Oscar de melhor trabalho deste gênero.

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As Ilusões Perdidas - Honoré de Balzac 


Um dos romances mais famosos do autor francês, Honoré de Balzac, narra a vida e as decepções de Lucien de Rubempré, jovem aspirante a escritor, bem como de sua família durante a Revolução Francesa. 


As críticas não se restringem à hipocrisia e dualidade da sociedade em geral e apresenta também uma visão sarcástica e demolidora do jornalismo praticado na época, descrito pelo autor como "a mais perversa forma de prostituição intelectual". Não é preciso acrescentar mais nada sobre a sua importância.


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