Confira 10 filmes imperdíveis para todo jornalista

Marcia Rodrigues | 25/06/2018 09:55

A rotina diária de uma redação já foi retratada inúmeras vezes no cinema. Algumas de forma fantasiosa, outras mais realistas, mas o jornalismo já gerou muito roteiro para a sétima arte.


A pedido do Portal IMPRENSA, a jornalista Paula Cunha, palestrante e especialista em cinema, selecionou e comentou 10 filmes sobre jornalistas que retratam de forma mais fiel a importância da imprensa e aspectos do seu dia a dia como ética, bom preparo e apuração.


Confira a lista.

Crédito:Reprodução internet


1) Cidadão Kane (1941). Citzen Kane

Dirigido e interpretado por Orson Welles. A produção é baseada na vida de William Handolf Hearst, magnata norte-americano da imprensa. Por se tratar de um retrato cruel do mercado editorial e da mídia da época, Hearst boicotou o filme e perpetrou uma intensa campanha de difamação contra ele. O trabalho é um painel dos vícios e distorções praticados pela imprensa. É considerado um dos melhores filmes de todos os tempos não só pelo conteúdo, mas também pelas técnicas de filmagem que reforçam a ascensão e a queda de Charles Foster Kane. 

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2) A Montanha dos Sete Abutres (1951) 

O diretor Billy Wilder (Quanto Mais Quente Melhor) sabe transitar entre comédia e drama com a facilidade com que respira. Neste retrato de um jornalista totalmente inescrupuloso (kirk Douglas), a manipulação de um acidente que se transforma em catástrofe (um homem preso em uma mina) é levada às últimas consequências. Com o objetivo de recuperar prestígio após uma demissão desonrosa, o repórter passa a controlar o fluxo de informações sobre o resgate do mineiro, atrasa o trabalho dos bombeiros para retirá-lo do buraco e chantageia o prefeito, a polícia, os bombeiros e se envolve com a esposa da vítima. Uma aula sobre a falta de ética com diálogos brilhantes e uma antecipação dos programas sensacionalistas atuais.

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3) A Primeira Página (1974)

Direção: Billy Wilder. Para mostrar mais uma face da obsessão por furos de reportagem e do vício que a adrenalina do ritmo de trabalho provoca, o mesmo diretor conta a história de dois jornalistas. Um deles (Jack Lemmon) vai se casar e prometeu à noiva abandonar a profissão. Walter Mathau é o colega de trabalho que vai fazer de tudo para demovê-lo da decisão. Reviravoltas engraçadíssimas e diálogos apurados sobre as agruras do ofício são o ponto alto. 

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4) Todos os Homens do Presidente (1976)

Direção: Alan J. Pakula. O diretor conseguiu reproduzir o ambiente tenso de uma redação de jornal, o Washington Post, com apuro e inteligência. Reconstitui toda a apuração do escândalo batizado Watergate, que culminou com a renúncia do presidente Richard Nixon em 1974. O processo lento de apuração dos dados e a pressão do "fechamento" estão lá, além do compromisso de manter o anonimato das fontes.

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5) The Post. 2017

Direção: Steven Spielberg. Mostra a rotina do jornal Washington Post antes do caso Watergate. Concentra-se na luta de Kathleen Bradlee para se impor como líder do jornal após a morte do marido. Mostra com detalhes a apuração do vazamento de documentos secretos do governo norte-americano sobre erros de estratégia dos militares durante a guerra do Vietnã.

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6) A trama - The Paralax View. (1974)

Direção de Alan J. Pakula. Com Warren Beatty. Aborda a trajetória de um jornalista, Joseph Frady (Beatty), que investiga o assassinato de um senador candidato à presidência da República. Uma de suas amigas presencia o crime e teme por sua vida. Ele se infiltra em uma organização secreta, a Paralax View. A trama é mais policialesca que propriamente jornalística. Anterior a “Todos os Homens do Presidente”, tem o valor de apresentar boas interpretações do elenco principal, mas ainda não consegue explorar o tema da reportagem investigativa de maneira satisfatória, como conseguiria com o filme seguinte.

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7) Sob fogo cerrado (1983)

Direção de Roger Spottiswood. Durante a revolução sandinista que derrubou Anastasio Somoza. Gene Hackman, Nick Nolte e Joanna Cassidy formam um triângulo amoroso previsível, mas o filme tem méritos por mostrar os dilemas éticos que se apresentam à medida que avança a apuração dos fatos ao longo da ação. Jean-Louis Trintignant é o destaque como agente do governo de Somoza, mas as decisões do personagem de Nolte constituem o verdadeiro questionamento sobre o direito de um jornalista atuar politicamente enquanto realiza seu trabalho.  

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8) Frost Nixon (2008)

Direção: Ron Howard.Reproduz as entrevistas realizadas por David Frost, em 1977, com o ex-presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon, três anos após o escândalo de Watergate e sua consequente renúncia. No primeiro encontro, Frost (Michael Sheen) está despreparado e é humilhado por Nixon. A volta por cima vem na oportunidade seguinte, quando o jornalista prepara bem as suas perguntas e desarma o político. É uma aula de jornalismo televisivo, onde a observação das reações de cada um contribui para realçar o trabalho dos atores. A lição deixada é que a preparação é fundamental para todos os tipos de entrevista. 

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9) Salvador, o Martírio de um Povo (1986)

Direção de Oliver Stone. O diretor já foi acusado de atirar em diversas direções em seus filmes e, ao mesmo tempo, tentar ser neutro. Dificilmente ele atinge esse objetivo. Aqui, ele se concentra no segundo mandato do republicano Ronald Reagan, presidente que interferiu diretamente na América Central para desestabilizar e derrubar os regimes de esquerda da região. Os jornalistas que cobrem os conflitos apresentados também acabam por deixar a imparcialidade de lado e agem a favor dos rebeldes. As interpretações de James Woods e John Belushi são ótimas. 

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10) Capote (2005)

Direção de Benett Miller. Não se trata de uma biografia completa do jornalista Truman Capote. A ação se concentra no período em que ele realizou as reportagens para escrever o livro “A Sangue Frio”. O tema é o assassinato de uma família e o julgamento dos responsáveis pelo crime. Questiona os métodos de apuração e o envolvimento de Capote com um dos acusados e mostra as dificuldades que enfrentou durante o processo. Rendeu discussões sobre ética e seus limites. A interpretação de Philip Seymour Hoffman foi elogiada.