A Artigo 19, entidade que fiscaliza ações dos Poderes Judiciário e Legislativo contra a liberdade de expressão e acesso à informação, afirma em parecer que o processo movido na esfera criminal pelas construtoras Cyrela e Setin contra a jornalista Maria Teresa Cruz serve ao propósito de calar o trabalho dela. A repórter é acusada de quebrar um tapume metálico instalado nos limites do Parque Augusta para impedir o acesso de pessoas não autorizadas.
“Não há, ainda, de acordo com a promotoria e na leitura da ARTIGO 19, nenhum tipo de ligação entre os danos alegados pelas construtoras e a entrada da jornalista na área da reportagem. Em um cenário onde frequentemente diversos comunicadores são alvo de processos judiciais, a ARTIGO 19 reconhece a queixa criminal do caso de Maria como mais um instrumento inibitório, que traz consigo uma paradigmática violação à liberdade de expressão”, diz trecho do parecer publicado na última sexta-feira, 29.
Quando procuradas, as incorporadoras Cyrela e Setin afirmaram que não se manifestam sobre casos em julgamento. O título da reportagem, veiculada em 2016 por Maria Teresa em seu blog e no portal Ponte Jornalismo é: "Construtoras deixam o terreno do Parque Augusta apodrecendo". Leia aqui o parecer completo divulgado pela Artigo 19.
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