A jornalista Maria Teresa Cruz acusa as construtoras Cyrela e Setin de perseguição por expor atividades das empresas no terreno do Parque Augusta, em reportagem publicada em 2016. De acordo com a repórter do portal Ponte Jornalismo, a argumentação do processo movido contra ela na esfera criminal é uma “peça de ficção”. As corporações a acusam de danificar um tapume metálico colocado no local para impedir a entrada de pessoas não autorizadas.
“Vou usar as palavras do meu advogado, eu estou sendo defendida pelo Hugo Albuquerque: é uma peça de ficção, uma tentativa clara de cerceamento, ameaça e vingança. É um absurdo por várias razões, seria um contrassenso eu gravar toda entrada minha e do Daniel (Biral) e divulgar esse vídeo. É flagrante que o tapume já estava danificado”, disse Maria Teresa ao Portal Imprensa.
A jornalista e Daniel, ativista pela implementação do parque e que a acompanhava durante a reportagem, já participaram de duas audiências no Fórum Criminal da Barra Funda e recusaram acordo oferecido para que pagassem R$ 2,780 mil para cobrir os danos supostamente causados. “A gente está falando de duas construtoras gigantes, que têm contratos com governos municipais e estaduais, e que têm vários empreendimentos na cidade. Eles não precisam desse dinheiro”, afirmou a repórter, que destaca a escolha da esfera criminal pelas incorporadoras como um indício de que a intenção é de intimidá-la.
A última audiência do processo ocorreu em março. Esperavasse que o julgamento ocorresse nessa oportunidade, mas o representante do Ministério Público pediu vistas do processo e tem prazo de 60 dias para emitir um parecer. Maria Teresa se diz tranquila quanto ao caso: “A gente está numa expectativa de que o juiz entenda o que a defesa expôs. Não existe prova material, portanto não tem crime”.
Questionadas, as construtoras Cyrela e Setin afirmaram que não comentam casos em trâmite de julgamento. Assista abaixo à reportagem de Maria Teresa, que acusa as empresas, donas do terreno, de não cumprir com a obrigação de fazer funcionar o Parque Augusta, que tem metade da área de interesse público.
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