"É resultado de mais de dez anos de trabalho”, comemora Adriana Carranca

Vanessa Gonçalves | 25/04/2016 17:15
Quem disse que lugar de mulher é longe da cobertura de guerra? No caso de Adriana Carranca, colunista do Estadão e de O Globo, a experiência em acompanhar de perto o que acontece nos conflitos mundo afora proporcionaram aos leitores o reconhecimento do caos e violência que as armas podem causar.

Esse conhecimento sobre conflitos, tolerância religiosa e direitos humanos garantiram que a Adriana vencesse a categoria "Correspondente Brasileira", da 11ª edição do "Troféu Mulher IMPRENSA". 

Crédito:Cortesia/ United Nations Correspondents Association
Adriana Carranca, vencedora da categoria "Correspondente Brasileira" do "Troféu Mulher IMPRENSA".

A jornalista que cobre direitos humanos desde 2002 e conflitos desde 2008, revela que seu maior interesse é "mostrar as guerras através das histórias de pessoas comuns, porque são elas as maiores vítimas do jogo de interesses decidido nos gabinetes". 

Quando foi ao Afeganistão em 2008, lembra que a guerra era retratada apenas em números de mortos e explosões e do ponto de vista dos soldados. Porém, Adriana se interessava, principalmente, "em compreender como os cidadãos comuns civis enxergavam o conflito, o 11 de Setembro, Osama Bin Laden, os talibãs, o terrorismo. As pessoas anônimas, além de suportar todo o peso das guerras, sempre nos ensinam muito mais sobre a realidade do que as declarações oficiais". 

A jornalista acredita que, por trás dos grandes conflitos, também existe uma guerra de propaganda e, em razão disso, os jornalistas precisam ter consciência de que quando viajam “infiltrados” com as tropas, acabam vendo a guerra sob o prisma deles e de seus interesses. "Desde o início, eu procurei fugir disso, me hospedar na casa das pessoas, viver como elas, observar, porque no homem comum o impacto da guerra não deixa dúvidas, não tem lado, interesses ou vaidades. É a verdade nua e crua"

Como esse foco, Adriana acabou passando pela cobertura de outros conflitos — Paquistão, Faixa de Gaza, Sudão do Sul, República Democrática do Congo, Síria e Iraque — trazendo ao leitor o lado humano dessas situações.

Para ela, a conquista do "Troféu Mulher IMPRENSA" é um sinal "de que essas histórias estão chegando até as pessoas, e tocando o coração delas, e isso é muito gratificante! É resultado de mais de dez anos de trabalho.”   

Mais do que isso, a jornalista ressalta o fato de o prêmio ser específico para profissionais de imprensa do sexo feminino. "Sempre procurei ter um olhar especial para a condição das mulheres em situações extremas, porque são elas que tocam a vida, que educam as novas gerações e constroem o futuro, enquanto os homens, majoritariamente, estão no front das guerras. Então, é muito importante ter esse olhar e ele é mais comum entre jornalistas mulheres. Por isso é importante uma premiação que reconheça isso", conclui.

Leia também