Michelle Trombelli aposta no equilíbrio entre velocidade e qualidade da notícia

Kátia Zanvettor | 01/03/2012 16:30
Michelle Trombelli, vencedora da categoria Repórter de Rádio, é Âncora e repórter da BandNews FM desde 2010. Começou a carreira em rádio em 2004 quando se apaixonou pela área e não parou mais. Para ela, em tempo de velocidade total da informação, o bom repórter deve aprender a encontrar o equilíbrio entre a velocidade e a qualidade da informação. “A informação precisa estar neste limite, entre a velocidade e a qualidade, para não confundir o ouvinte e garantir um bom jornalismo”.
    
Michelle ainda acredita que o jornalismo é “uma profissão movida pela paixão” porque você é jornalista "24 horas" por dia. A jornalista observa que este compromisso com a informação pode tornar a rotina bem desgastante, mas lembra que existe um lado compensador que é o fato de ser uma das poucas carreiras que possibilita a proximidade com as pessoas, dando ao repórter o privilégio de ouvir as mais diferentes histórias e aprender com elas. 

Crédito:Roberta Russo

A jornalista também atuou como produtora e repórter na Rádio CBN, onde se destacou pela participação em importantes coberturas e na realização de reportagens especiais que hoje é o grande diferencial do seu trabalho. Confira a conversa completa com Michelle que falou da emoção de receber um prêmio neste momento da carreira, sobre sua trajetória e sugestões para quem pretende investir no jornalismo: 

IMPRENSA - Como foi receber a notícia da primeira colocação no prêmio? Soubemos que você estava no ar quando recebeu a notícia.
Michelle Trombelli: Foi muito emocionante. Eu estava no ar sim e o mais engraçado é que eu também estava no ar quando recebi a notícia que tinha sido indicada. Foi muito legal, mas a emoção foi tanta que foi difícil manter a concentração depois.  

Você chegou a partilhar com os ouvintes a notícia do prêmio? 
Um pouco antes de sair o resultado a redação já começou a brincar comigo avisando que o prêmio ia ser divulgado e eu lá tentando me concentrar no trabalho. Mas quando saiu, não teve jeito, todo mundo começou a comemorar e eu percebi que tinha ganhado e aí, logo na sequência, a Ana Paula Rodrigues, que estava comigo no ar me deu os parabéns partilhando com os ouvintes a novidade. 

Como você avalia a colocação em primeiro lugar? 
Eu acabei de postar aqui nas redes sociais que eu devo o prêmio à família, amigos e ouvintes, é uma rede. Eu acompanhava diariamente uma verdadeira campanha dos ouvintes nas redes e ficava muito feliz. Foi muito engraçado ver o que dois ouvintes postaram no dia do aniversário deles, alguma coisa como: ‘ah...hoje é meu aniversário, votem na Michelle para o Troféu Mulher IMPRENSA. Quando eu via uma manifestação como essa só pensava na responsabilidade que é essa confiança dos ouvintes no meu trabalho.

E você teve o apoio da rádio também?  
Isso não tem como atribuir a um fator só ou dizer este fator foi o mais forte. Acho que é toda uma conjuntura, o apoio de todos e também o apoio da rádio, que desde o primeiro momento da indicação passou a divulgar o prêmio no ar, apoiar a iniciativa da IMPRENSA Editorial e valorizaR a nossa participação. 

Como você chegou ao rádio? 
Eu comecei a estagiar já no primeiro ano de faculdade, estagiei em jornais regionais e no segundo ano e já atuava na assessoria de imprensa de uma prefeitura. Mas meu sonho era atuar na grande imprensa, sempre, sempre, como eu não conhecia ninguém tive que apostar todas as fichas nas seleções. Assim, quando no terceiro ano começaram as provas para estágio eu comecei a prestar todas até que passei na CBN, e lá fiquei passando por todas as etapas, estágio, trainee, produção, reportagem. 

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Você se imaginava trabalhando em rádio? 
Não, de jeito nenhum. Eu nunca pensei em trabalhar em rádio, achava minha voz ruim.  Mas eu sempre adorei ouvir rádio e quando eu entrei foi apaixonante, cresci na rádio e agora estou estabelecendo novas oportunidades na BandNews.

Pensando neste último ano, você destacaria algum trabalho em especial que a ajudou na campanha de premiação? 
Eu sempre tive muitas possibilidades bacanas, na CBN fazia muitas séries e matérias especiais e agora, na Bandnews, estou tendo a oportunidade de dar continuidade a este trabalho. Acredito que isso é um fator que deu muita visibilidade ao meu trabalho e, além disso, tem o fato de eu ter começado a ancorar, o que sem dúvida me coloca mais perto do ouvinte.  

Como você avalia a importância do prêmio na carreira?
Bom eu acho muito legal, é mais que pertinente, as mulheres hoje em dia são maioria nas redações, pelo menos naquelas que eu trabalhei e acho muito legal prestigiar e valorizar o trabalho das mulheres.  Os homens que ficam um pouco invejosos. Ficam perguntando por que não tem um troféu “homem” IMPRENSA (risos)  

Como você avalia o jornalismo?
Acho que é uma profissão muito movida pela paixão, não tem como não. É uma carreira desgastante, por exemplo, meu avô tem 96 anos e toda vez que ele me vê ele brinca comigo que eu trabalho muito, porque eu não consigo participar de todas as reuniões e encontros de família. Uma das primeiras coisas que eu fiz foi ligar para a minha avó e pedir para contar para ele que, eu trabalho muito, mas eu ganhei um prêmio. Então, a profissão é isso: tem que mover por amor, pensando no salário a gente sabe que não é todo mundo que ganha o que realmente merece e se você realmente não amar o jornalismo não vale à pena nem entrar na profissão. 

E o momento atual do jornalismo? 
Como tudo a gente vive uma conformação que é a da velocidade e da tecnologia.  Eu senti muito isso de um ano e meio para cá, do ritmo estar mais acelerado e a notícia mais concisa e essa é uma tendência em todos os veículos. A informação precisa estar neste limite, entre a velocidade e a qualidade, para não confundir o ouvinte e garantir um bom jornalismo 

Que conselho você daria a quem está começando? 
O primeiro conselho que daria é não esquecer que você é jornalista 24 horas por dia, o que pode tornar a carreira um pouco desgastante e então, a pessoa tem que avaliar até que ponto está disposta a enfrentar isso. Mas de resto, eu falaria para ir com fé que é muito legal, tem um lado muito divertido no jornalismo que não podemos perder de vista. 

Qual lado é este? 
O jornalismo leva você para lugares que pessoas normais, que convivem com você, nunca iriam. E isso é muito legal, um dia você tá fazendo uma matéria sobre esporte e no dia seguinte está cobrindo um buraco lá na cidade Tiradentes, são lugares que você jamais iria por livre espontânea vontade e que bom que você está lá. Que bom que você é capaz de ser o olho destes eventos e que vai passar essas histórias para as pessoas. Isso é muito legal e eu adoro.