Mais de vinte veículos de comunicação são bloqueados pelo governo na Turquia

Alana Rodrigues* | 19/07/2016 10:00
Mais de vinte jornais e portais turcos foram bloqueados pelo governo desde o último sábado (16/7), um dia após a tentativa de golpe no país. O diário turco Yarina Bakis, um dos poucos veículos independentes ainda veiculados na Turquia, suspendeu sua impressão por dificuldades econômicas. Agora, a publicação será apenas digital.

Crédito:Reprodução
Veículos foram bloqueados pelo governo turco após tentativa de golpe

À IMPRENSA, o jornalista Kamil Ergin, do portal Voz da Turquia, informou que alguns gráficos se negaram a publicar os veículos por medo. Ele também acredita que o Yarina cancelou a versão impressa por temer ações do governo. 

Com o caos no país, o Centro Cultural Brasil-Turquia (CCBT) criou uma mesa de crise, com uma equipe de 15 pessoas, para atender às demandas da imprensa brasileira. "Ficamos surpresos com o que aconteceu. A imprensa começou a acompanhar e buscar fontes confiáveis. Ainda há muitos pedidos de entrevistas e procura por informações", relatou.

De acordo com Ergin, há um fluxo forte de informação vindo da Turquia com muitas especulações. O grupo, então, publica apenas dados verificados no portal Voz da Turquia (em português) e nas redes sociais do portal. 

Para ele, é difícil descrever o que está acontecendo no país. Enquanto a mídia local, controlada pelo governo, não noticia a violação de direitos humanos, a imprensa internacional foca nos fatos e no quanto eles afetam a sociedade civil.

O Yarina Bakis foi criado por ex-funcionários do Zaman, maior jornal da Turquia, que sofreu intervenção judicial em março deste ano. Com 650 mil exemplares diários, o veículo adotava uma linha editorial de apoio ao governo até dezembro de 2013, quando se uniu às acusações contra o presidente Recep Tayyip Erdogan, então primeiro-ministro.

"Estamos conscientes do quão difícil é dizer isso. Nós estabelecemos uma boa relação com funcionários, colunistas e leitores dentro de um período tão curto de quatro meses. Criamos um jornal orgulhosamente comprado e lido. Vai ser difícil para nós não ser capaz de segurar a edição impressa e levá-la para suas casas. A nossa única alegria é agarrar a esperança em superar essas dificuldades", escreveu o diário, em comunicado.

* Com supervisão de Vanessa Gonçalves.

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