Parceria entre ICIJ e jornal alemão revela dados de corrupção global; brasileiros na lista

Redação Portal IMPRENSA | 04/04/2016 12:00
jornal alemão Süddeutsche Zeitung obteve acesso a 11,5 milhões de documentos, denominados Panama Papers, vazados do escritório panamenho de advocacia e consultoria Mossack Fonseca, que revelaram detalhes de milhares de clientes que utilizam paraísos fiscais no exterior para evasão fiscal, lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e armas.

Crédito:Reprodução
Documentos apontam envolvimentos de políticos em evasão fiscal, lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e armas

De acordo com a Deutsche Welle, os arquivos foram compartilhados com o International Consortium of Investigative Journalists (ICIJ, na sigla em inglês) e com o escritório internacional do Centro para a Integridade Pública.

Com base nos dados dos documentos, o jornalista Georg Mascolo, liderou a apuração conduzida pelo Zeitung e duas emissoras alemãs. Mais de 370 jornalistas em 76 países analisaram o material durante um ano. No Brasil, os estudos foram feitos pelo jornal O Estado de S. Paulo, pelo portal UOL e pela RedeTV!.

"Acredito que o vazamento deverá se provar como o maior golpe já sofrido pelo mundo dos negócios offshore, em razão da extensão dos documentos", destacou o diretor do ICIJ, Gerald Ryle. O vazamento é considerado o maior da história, superando escândalos como o WikiLeaks, em 2010, e a revelação de Edward Snowden sobre a espionagem da NSA, em 2013.

Os documentos apontam doze ex e atuais chefes de Estado – da Argentina, Geórgia, Islândia, Iraque, Jordânia, Catar, Arábia Saudita, Sudão, Emirados Árabes Unidos e Ucrânia – entre 143 nomes de políticos, familiares e pessoas próximas suspeitas de utilizar paraísos fiscais.

No Brasil, a Mossack Fonseca foi alvo da 22ª fase das investigações da Operação Lava Jato, que chegou a prender alguns de seus funcionários. Havia a suspeita de que a companhia teria ajudado a ocultar a identidade dos verdadeiros proprietários de um apartamento triplex no Guarujá (SP).

O jornal O Estado de S. Paulo informou que os documentos também mostram que a empresa criou ou vendeu empresas offshore para políticos e familiares de sete partidos - PSDB, PMDB, PP, PDT, PTB, PSB, PSD.

Alguns dos políticos envolvidos direta ou indiretamente nas denúncias são o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o ex-deputado federal João Lyra (PSD-AL), o senador Edison Lobão (PMDB-MA), o deputado federal Newston Cardoso Jr. (PMDB-MG), o ex-ministro da Fazenda Delfim Netto, e o ex-senador e presidente do PSDB Sérgio Guerra, morto em 2014.

Os arquivos indicam ainda que a empresa teria criado ao menos 107 contas offshore para, no mínimo, 57 pessoas ou companhias envolvidas aos esquemas de corrupção investigados pela Lava Jato. Muitas delas são desconhecidas dos investigadores. O escritório brasileiro foi acusado de sonegação fiscal e ocultação de patrimônio. A Mossack negou praticar qualquer ato ilegal.

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