Pesquisa aponta que 90% das mulheres já sofreram assédio em agências

Redação Portal IMPRENSA | 16/11/2017 11:24
O Grupo de Planejamento de São Paulo em parceria com a Qualibest divulgou nesta quarta-feira (15) o resultado da pesquisa “Hostilidade, silêncio e omissão: o retrato do assédio no mercado de comunicação de São Paulo”. O estudo ouviu 1400 pessoas (homens e mulheres) que trabalham em empresas de comunicação da região metropolitana da capital paulista – em sua maioria, funcionários de agências de publicidade – e concluiu que 90% das mulheres já sofreram algum tipo de assédio nestes ambientes.
Crédito:Reprodução
Segundo informações da PropMark, das pessoas que responderam a pesquisa, 100% declararam que existe casos de assédio nas empresas de comunicação. Entre as mulheres entrevistadas, 90% declarou já ter sofrido alguma situação de assédio moral ou sexual. Já entre os homens, o índice é de 76%.

Entre as entrevistadas, 51% disseram já terem sofrido assédio sexual no ambiente de trabalho. Dessas, 39% afirmou que as investidas envolveram contato físico. Para 89% das mulheres e 85% dos homens, o assédio moral é naturalizado no ambiente trabalho. Entre os tipos de assédio moral citados no estudo estão a cobrança de tarefas em prazos impossíveis de serem cumpridos, jornadas extenuantes (incluindo noites, feriados e finais de semana) e humilhação moral por parte de superiores ou clientes.

Outro dado demonstrado na pesquisa se refere à hostilidade no ambiente de trabalho. Para 62% das mulheres que foram vítimas de assédio sexual ou moral, os sintomas foram sentidos na saúde. As reações variam entre crises de choro, ansiedade, sensação de incapacidade e depressão. Entre os homens, o índice de sintomas físicos foi relatado por 51%.

Dos 1400 entrevistados, apenas 5% declarou ter conhecimento de que sua empresa possui um canal onde é possível denunciar situações de assédio. De acordo com a pesquisa, apenas 3% das mulheres e 7% dos homens vítimas de assédio sexual formalizaram a denúncia para as empresas. No caso de assédio moral, o índice de reclamação formal foi de 12% para as mulheres e 8% para os homens.

A Abap (Associação Brasileira das Agências de Propaganda) se manifestou sobre o estudo, dizendo que, infelizmente, o assédio moral e sexual, um dos grandes males da sociedade, está claramente presente na comunicação. 

"Nós, da Abap, repudiamos e condenamos toda e qualquer prática desrespeitosa em relação à gênero, raça, cor e credo. Mas isso seria o óbvio. Não podemos ficar por aí. O nosso mercado como um todo não pode ficar alheio à esse grave problema e não pode tolerar uma situação tão absurda. A Abap vai apoiar e participar ativamente de discussões entre todas as entidades do mercado para encontrar formas inteligentes e eficientes de enfrentar o problema. Temos certeza de que todas as entidades da área de comunicação irão participar e contribuir para essa discussão", diz o comunicado.

O Grupo de Planejamento deve disponibilizar todo o conteúdo da pesquisa na próxima semana.