Em meio à crise e passaralhos que assolam as redações em todo o Brasil, o
HuffPost Brasil completa dois anos no país nesta quinta-feira (28/1), comemorando bons resultados e, por incrível que pareça, anunciando a ampliação de sua redação.
Crédito:Divulgação
Parte da equipe do HuffPost Brasil
Segundo o Comscore, o jornal digital, que conta atualmente com 4,6 milhões visitantes únicos por mês, está entre os 10 sites de notícias gerais mais acessados no Brasil, ocupando a oitava colocação no ranking. Porém, em breve, o veículo pode ganhar mais posições, uma vez que só em janeiro deste ano teve aumento de 45% de visitantes únicos.
Esse crescimento considerável de leitores nos últimos meses pode estar diretamente ligado à mudança do nome – de Brasil Post para HuffPost Brasil – e à reorganização dos fluxos de notícias e das seções na home do site.
Entretanto, para Diego Iraheta, editor-chefe da publicação, o sucesso da plataforma só aconteceu por conta da equipe do HuffPost Brasil, que aceitou o desafio de fazer um jornalismo diferente. “A chave do sucesso desse produto no Brasil é de uma equipe altamente motivada, que acredita no trabalho que está fazendo. Isso faz a diferença, faz com que o conteúdo seja melhor trabalhado, fazendo diferença na vida dos leitores”.
À IMPRENSA, Iraheta fala sobre os planos e mudanças do veículo, que pretende ganhar mais terreno entre os leitores brasileiros, em uma corrida franca com seus concorrentes diretos.
IMPRENSA - Qual o balanço faz desses dois anos do HuffPost no Brasil? Acertaram em ter uma página no país?
DIEGO IRAHETA - Sim, havia esta demanda no Brasil e conseguimos cativar um público muito forte e engajado com as bandeiras que já são parte do HuffPost nos Estados Unidos, como o empoderamento da mulher, igualdade racial, cedendo espaço para vozes negligenciadas. Por exemplo, semana passada manchetamos o site com uma travesti que passou no Sisu em Pernambuco. Qual veículo faz isso por aqui? A ideia é falar de diversidade, reconhecer que há vozes diferentes, seja por causa de gênero, raça ou qualquer outra coisa. Além disso, falamos de boas histórias de protagonismo e empoderamento. Temos um editoria LGBT bem forte, além de nosso viés feminista. Isso é muito forte no veículo e havia esta demanda no país.
Neste cenário tão polarizado da imprensa nacional, como equilibra as vozes no HuffPost Brasil?
Somos atacados por todos os lados. Quem acha que falamos de minorias critica dizendo que fazemos mimimi e vitimização. Recentemente, recebemos críticas porque vocalizamos a falta de prêmios para atores negros no Oscar. Se pensarmos no cenário político, críticas da direita e da esquerda também acontecem aqui. Tentamos equilibrar esta conta com colunistas de direita e de esquerda, pois assim oferecemos o ponto e contraponto. Mas é importante ressaltar que não deixamos ninguém agredir ninguém. Não publicamos textos que discriminem ou incriminem alguém. É preciso ter respeito. Acreditamos na importância da pluralidade de opiniões. Se oferecermos só uma visão, não estamos sendo fiéis ao que aprendemos no jornalismo sore a importância do debate.
Quem é o leitor do HuffPost Brasil e no que ele se diferencia dos leitores de outros países?
A maior parte dos nossos leitores são jovens e com cultura de internet, entre 18 e 34 anos, que gostam de uma linguagem mais direta, com bom humor e ironia. Talvez precisasse de um jornal que falasse nessa linguagem de web. Nosso diferencial é a nossa linguagem. Sabemos fazer o jornalismo tradicional, mas sabemos como fazer uma manchete, uma imagem diferente. Os outros veículos são muito homogêneos. Aqui a ideia é pensar diferente do restante. Para ter uma linguagem mais de internet, fugindo desse viés mais serião. Uma linguagem mais digital, porque justamente é o que compõe o repertório comunicativo atual, apostando em listas, memes etc. Não dá para usar a mesma forma de se comunicar do jornal, do rádio ou da TV na internet
Atualmente, qual o tamanho da equipe do veículo?
Hoje, temos 14 pessoas na equipe, mas a partir de fevereiro vamos aumentar nosso quadro para 17 com a chegada de uma editora para “Equilíbrio” e “Tem Jeito”, um repórter multimídia, que terá como função produzir mais conteúdo de vídeo relevante, já que somos um veículo transplataforma, e uma estagiária de política e direitos humanos. Antes, essas editorias – “Equilíbrio” e “Tem Jeito” – tinham muitos textos traduzidos, agora terão uma produção local. “Tem Jeito” é global e só falará de soluções para problemas de forma inspiradora. São notícias de impacto positivo na vida das pessoas; enquanto “Equilíbrio” irá para a home no lugar de “Ciência” e será uma das principais editorias, falando de saúde mental e emocional. Percebemos que há uma grande demanda por informações/explicações sobre como as pessoas podem ficar mais tranquilias, não só felizes o tempo todo, mas que saibam que é normal ter raiva, ficar triste. Vamos falar também da ferida que dói, do que nos angustia, numa perspectiva de saude mental e emocional.
Qual é a fonte principal de receita? Como têm driblado a crise econômica sem afetar a qualidade do trabalho?
Nossa maior receita vem de publicidade nativa (native ads). O Estúdio ABC, da Editora Abril, produz essa publicidade que vem para o HuffPost. Como nosso público é jovem e engajado é interessante ter mais publicidade desse gênero. Além disso, temos a publicidade programática, comum em todos veículos de web.