Após polêmica sobre direito de resposta, senador é preso por "comprar" silêncio

Redação Portal IMPRENSA | 25/11/2015 13:30
O senador Delcídio Amaral (PT-MS) foi preso nesta quarta-feira (25/11) pela Polícia Federal (PF) sob acusação de "atrapalhar as apurações" da Operação Lava Jato. De acordo com o colunista Matheus Pichonelli, do Yahoo, o petista teria sugerido a fuga de Nestor Cerveró – ex-diretor da Petrobras, preso desde janeiro deste ano por envolvimento na Lava Jato – para que ele não fechasse acordo de delação premiada com a PF. 

Crédito:Wilson Dias/Agência Brasil
Senador tentou comprar silêncio de ex-diretor da Petrobras

O parlamentar ainda teria oferecido R$ 50 mil ao ex-diretor como forma de reforçar o pedido. A oferta pelo "silêncio" de Cerveró acabou gravada pelo filho dele, que repassou as imagens à PF.

Preso, o senador é agora considerado peça-chave na resolução de pontos que envolvem a compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), o enriquecimento dos diretores da Petrobras e as suspeitas que envolvem o Partido dos Trabalhadores (PT). 

Direito de resposta

Na última semana, IMPRENSA noticiou que o senador petista havia dito a veículos como Folha de S.Paulo e O Globo que usaria a recém criada lei do direito de resposta caso tivesse seu nome divulgado vinculado às acusações do lobista Fernando Baiano, que afirmou ter repassado R$ 3,7 milhão e R$ 5,6 milhão em propinas a Amaral. 

Segundo o colunista Rogério Gentile, da Folha, o petista teria sido procurado para estabelecer o contraponto da acusação feita pelo lobista. "O senador pode ter razão em sentir-se ofendido pelas declarações do delator – cabe à Justiça julgá-las –, mas isso não significa que o jornal não tenha o direito de reproduzi-las", comentou. 

Gentile ainda afirmou que o senador estaria usando a nova lei como forma de tentar impedir a publicação da informação. "Ou seja, ironicamente, o senador ameaçou entrar na Justiça com um pedido de resposta justamente para não ter de dar aos jornais sua resposta às acusações. Ficou claro que seu objetivo não era defender-se, mas impedir a publicação da suspeita. O senador faz isso porque a nova lei, embora necessária, foi malfeita. Criou obstáculos para que os veículos possam se defender, bem como tem um defeito de concepção". 

Procurada, a assessoria do senador refutou qualquer hipótese de uso do direito de resposta como "ameaça à liberdade de expressão". O staff do político também ressaltou que o petista faria uso da lei como defesa à sua honra. "Considerando a improvidência da informação, o senador Delcídio do Amaral, com todo o respeito, prefere fazer uso da lei de direito de resposta para se proteger das acusações".


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