“O Poder das Previsões: Ecos do Passado, Rumores do Futuro”, Marcelo Molnar

Opinião

Marcelo Molnar | 16/05/2024 09:25

Sempre estamos tentando adivinhar o futuro. Como serão as coisas daqui a 10 anos? Como será o mundo em 2034? Como nos comunicaremos? Dizem que, ao olharmos para o passado, podemos entender o presente e prever o futuro, certo? Será que isso é verdade? Quando estávamos em 2014, quais eram as previsões para 2024? Acertamos? Erramos? Essa experiência foi útil e nos ajudará a imaginarmos um cenário para 2034?


Pesquisei diversos arquivos, reportagens e estudos com previsões de 2014 para 2024. Algumas se concretizaram, outras se revelaram meras fantasias, e outras nos surpreenderam com consequências inesperadas. Muitos futuristas da época esperavam avanços significativos em tecnologia, incluindo realidade virtual e aumentada, veículos autônomos, internet das coisas e medicina personalizada. Embora tenhamos visto progressos em todas essas áreas, alguns progressos foram mais lentos do que o imaginado.


Previam-se que as mudanças climáticas continuariam a ser uma preocupação global, com possíveis eventos extremos e um aumento do ativismo ambiental. Infelizmente, essa previsão provou ser verdadeira. Apesar dos negacionistas de plantão, estamos sentindo na pele as consequências de eventos cada vez mais frequentes e intensos, o que nos obriga a um aumento da conscientização sobre esse tema.


Esperava-se também que a economia global continuasse a se integrar, com o crescimento do comércio internacional, a expansão de mercados emergentes e uma maior conectividade entre países e regiões. No entanto, as guerras, as fake news e a pandemia de COVID-19 em 2020, com seus impactos subsequentes no arcabouço financeiro mundial, frustraram muitas previsões. Porém, as projeções que se referiram ao envelhecimento da população, desigualdade econômica e crises migratórias, foram confirmadas.

Crédito:Reprodução

E o que podemos falar sobre nossas expectativas para 2034? Vivemos atualmente um tecno-otimismo pragmático. Acreditamos que a inteligência artificial (IA) será onipresente, auxiliando nos diagnósticos médicos, na educação personalizada, na automação industrial e na resolução de problemas complexos. O trabalho, a educação e o lazer devem se fundir em espaços virtuais imersivos e interativos. Trabalhamos para diminuir a dependência de combustíveis fósseis. Esperamos avanços na biotecnologia com edição genética, órgãos artificiais e terapias personalizadas que aumentem a longevidade e qualidade de vida.


Nas questões sociais, o trabalho será fragmentado e automatizado. As profissões exigirão adaptação constante, com ênfase em criatividade e habilidades socioemocionais. Precisaremos de comunicadores éticos e responsáveis. Daremos mais atenção à saúde mental e bem-estar, com programas de mindfulness (estar consciente e presente no momento sem julgamento), terapia online e biofeedback (controlar funções corporais através de feedback em tempo real) se popularizando para lidar com o estresse da vida moderna. As identidades e conexões transcenderão as fronteiras físicas, criando diferentes formas de colaboração e ativismo.


Desafios não faltarão. A desigualdade provavelmente será um deles, pois a disparidade entre os que se beneficiam da tecnologia e os que ficam para trás se agravará. Dilemas sobre privacidade, vieses algorítmicos e o papel da inteligência artificial em todas as áreas serão cada vez mais questionados. A cibersegurança e desinformação serão ameaças digitais cada vez mais sofisticadas, exigindo novos modelos de proteção, e a manipulação de informações online será o pior flagelo de todos. Será mais difícil saber no que acreditar. 


Em meio a todas as turbulências, a esperança ainda brilha no horizonte. A humanidade demonstrou uma incrível capacidade de adaptação e inovação ao longo de sua história, e não há razão para acreditar que isso mudará. Devemos lembrar que o futuro não é um destino fixo, mas sim uma jornada contínua, moldada pelas escolhas que fazemos hoje. Nesse espírito de possibilidades e descobertas, avançamos em direção ao desconhecido, enfrentando os desafios e abraçando as oportunidades que o tempo inevitavelmente trará.


Entre o neon e a névoa, a experiência de refletir sobre as previsões projetadas para 2024, vistas do ponto de partida de 2014 ajuda, mas não é determinante para definirmos 2034. Enquanto aprendemos com o passado e usamos essas lições para construir nossas expectativas futuras, devemos permanecer abertos às surpresas e mudanças inesperadas. A imaginação e a criatividade são fundamentais, mas também é importante manter uma perspectiva realista e estar preparado para se adaptar às circunstâncias, em constante mudança. Imaginar o futuro não se trata apenas de prever, mas de desenhar possibilidades, avaliar riscos e agir para construir o mundo que queremos habitar.



Crédito:Arquivo Pessoal


*Marcelo Molnar é formado em Química Industrial, com pós graduação em Marketing e Publicidade. Experiência de 18 anos no mercado da Tecnologia da Informação, atuando nas áreas comercial e marketing. Diretor de conteúdo em diversos projetos de transferência de conhecimento na área da publicidade. Criador do processo ICHM (Índice de Conexão Humana das Marcas) para mensuração do valor das marcas a partir de sua relação emocional com seus consumidores. Coautor do livro "O segredo de Ebbinghaus". Atualmente é Sócio Diretor da Boxnet.





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